Participamos do

Trump usa Twitter para demitir seu chefe da diplomacia

Trump teve poucas palavras de elogio para Tillerson, que várias vezes nos últimos meses parecia estar prestes a ser demitido
15:31 | Mar. 13, 2018
Autor O POVO
Foto do autor
O POVO Autor
Ver perfil do autor
Tipo Notícia

[FOTO1]

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, destituiu seu chefe da diplomacia, Rex Tillerson, nesta terça-feira (13), e nomeou o diretor da CIA, Mike Pompeo, para lhe suceder, pondo fim à gestão do ex-executivo do petróleo marcada por desencontros e por constantes rumores de partida.

 

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

O ex-secretário de Estado, que voltou antes do amanhecer de uma viagem pela África, não falou com o presidente antes do anúncio de sua demissão e tampouco sabia o motivo de sua repentina expulsão, segundo o alto funcionário do Departamento de Estado. O presidente queria reestruturar sua equipe a fim de iniciar as negociações com a Coreia do Norte, após o surpreendente anúncio na semana passada de um encontro entre Trump e o líder norte-coreano Kim Jong-un, disse um alto funcionário da Casa Branca.

 

Trump teve poucas palavras de elogio para Tillerson, que várias vezes nos últimos meses parecia estar prestes a ser demitido. "Conseguiu muito nos últimos 14 meses e desejo o melhor para ele e para sua família", disse Trump, agradecendo a Tillerson "por seu serviço".

 

Em declarações a jornalistas antes de partir para a Califórnia, Trump falou abertamente de seus desencontros com o ex-chefe da Exxon, em particular sobre o acordo nuclear com o Irã. "Rex e eu (...) nos damos muito bem, mas discordamos em algumas coisas", disse. "O acordo com o Irã eu achei que era terrível, ele pensou que era bom. Eu queria rompê-lo, ou fazer algo, ele pensava um pouco diferente. Então, realmente não estávamos pensando o mesmo", reconheceu.

 

Mais cedo, Trump havia elogiado o trabalho de Pompeo, um ex-oficial do Exército americano e congressista que dirigiu a Agência Central de Inteligência (CIA) desde janeiro de 2017, considerando-o "a pessoa adequada para o trabalho neste momento crítico". "Continuará nosso programa de restaurar a posição dos Estados Unidos no mundo, fortalecer nossas alianças, enfrentar nossos adversários e buscar a desnuclearização da península coreana", disse Trump.

 

Trump pediu que Pompeo seja confirmado rapidamente pelo Senado, enquanto sua administração prepara essas sensíveis negociações, cuja data e lugar ainda não foram determinados. Para substituir Pompeo, Trump nomeou Gina Haspel, uma funcionária de carreira da CIA e primeira mulher designada para o posto. Quando Trump decidiu aceitar o convite para se reunir com Kim, Tillerson, que estava na África, suspendeu sua agenda por estar "indisposto" e encurtou a viagem para poder regressar a Washington.

 

Após o anúncio de Trump nesta terça-feira, Steve Goldstein, subsecretário de Estado para Assuntos Públicos, disse que Tillerson não falou com o presidente nesta manhã e que desconhecia os motivos de sua destituição. Em uma série de tuítes em sua conta oficial, Goldstein deu a entender que Tillerson se viu surpreendido por sua destituição.

 

"O secretário tinha toda a intenção de ficar, devido ao progresso tangível conseguido em questões críticas de segurança nacional. Estabeleceu e desfrutou as relações com suas contrapartes", acrescentou Goldstein. "Desejamos o melhor para o secretário designado Pompeo", completou. Também destacou "a relação extraordinariamente sólida" com o Pentágono, em um reconhecimento ao estreito vínculo trabalhista de Tillerson com o secretário de Defesa, Jim Mattis.

 

Durante sua gestão, Tillerson se viu muitas vezes forçado a negar que havia discutido com Trump e prometeu permanecer no cargo, apesar de rumores de que teria chamado o presidente de "imbecil". Como chefe da diplomacia americana enfrentou muitos desafios de política externa: das ameaças nucleares da Coreia do Norte até problemas com a Rússia e supostos ataques contra diplomatas americanos em Cuba. Seus esforços foram, porém, frequentemente ofuscados pelo estilo pouco diplomático de Trump e por seus tuítes provocadores que causaram tensões internacionais. 

 

AFP

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente