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Putin vence eleições presidenciais de forma esmagadora

18:29 | Mar. 18, 2018
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Vladimir Putin venceu as eleições presidenciais russas de forma esmagadora neste domingo (18) e se elegeu para um quarto mandato que se estenderá até 2024.
Com metade das urnas apuradas, Putin, de 65 anos, tinha 75% dos votos, informou a Comissão Eleitoral pouco após as 20h GMT (17h de Brasília).

 

O chefe de Estado superou o candidato comunista Pavel Grudinin, que obteve 13,4% dos votos, o ultranacionalista Vladimir Jirinovski (6,3%) e a jornalista ligada à oposição liberal, Ksénia Sobtchak (1,4%). Putin disse aos seus simpatizantes, reunidos nas imediações do Kremlin, que via na vitória "a confiança e a esperança" do povo russo. "Vamos trabalhar duro, de forma responsável e eficiente", assegurou. Além disso, prosseguiu, "vejo o reconhecimento do fato de que muitas coisas foram realizadas em condições muito difíceis".

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Durante o atual mandato de Putin, os preços do petróleo desabaram, provocando escassez de divisas, o que se somou às sanções do Ocidente pela anexação russa da Crimeia. Em seu discurso, Putin voltou a se dirigir ao Ocidente e afirmou que as acusações conta a Rússia pelo envenenamento, em Londres, de um ex-espião duplo desertor "são mentiras, lixo, bobagens" e assegurou que seu país "destruiu todas as armas químicas" de que dispunha, conforme os tratados internacionais.

 

Após o fechamento das últimas seções eleitorais no enclave russo de Kaliningrado, na região central da Europa, a primeira pesquisa do instituto oficial VTSiOM antecipou a vitória do presidente com 73,9% dos votos, um resultado muito melhor ao dos 63,6% obtidos em 2012. Mas seu principal opositor, Alexei Navalny, impedido de disputar as eleições por uma condenação judicial, acusou o Kremlin de aumentar artificialmente a mobilização, preenchendo as urnas ou organizando o transporte maciço de eleitores às seções eleitorais. "Precisam de participação. O resultado é que a vitória de Putin com mais de 70% [dos votos] se decidiu de antemão", disse Navalny à imprensa, assegurando que a participação real foi inferior à de 2012.

 

A ONG Golos, especializada em vigilância eleitoral, disponibilizou um mapa das fraudes em seu site na internet, no qual denunciou mais de 2.700 irregularidades como o preenchimento de urnas, votos múltiplos ou obstáculos ao trabalho dos observadores. A presidente da Comissão Eleitoral, Ella Pamfilova, considerou, no entanto, que as irregularidades comprovadas foram "relativamente baixas" e acrescentou que a votação foi transparente. "Está claro que as eleições não são justas", disse o comunista Grudinin, citado pela agência de notícias Interfax. As autoridades fizeram uma campanha maciça de informação e incitação ao voto, facilitando a participação fora das circunscrições de residência, mas também, segundo a imprensa, pressionando funcionários públicos e estudantes a votar.

 

Segundo militantes da oposição, a Polícia transportou eleitores de ônibus até as seções. O grande ausente nas eleições presidenciais, Navalny, não pôde participar do pleito devido a uma condenação por desvio de verbas, o que denuncia como uma manobra orquestrada pelo governo. O popular blogueiro, que tem uma base fiel de seguidores em todo o país, havia convocado o boicote das eleições e enviado mais de 33.000 observadores às seções eleitorais.

 

Putin é elogiado por ter devolvido a estabilidade ao país, após a caótica década de 1990, embora, segundo seus detratores, tenha sido às custas das liberdades individuais. "Nos últimos quatro anos, tivemos as sanções (ocidentais), mas também construímos muito, novas fábricas abriram, a inflação é baixa", explicou à AFP Olga Matiunina, eleitora de Putin, de 65 anos. "Todo mundo sabe que será eleito. Não dá mais vontade (de ir votar) e temos a sensação de que nada depende de nós", reclamou, por outro lado, Boris, de 39 anos, entrevistado em São Petersburgo.

 

A última semana de campanha foi marcada por um novo pico de tensão entre Moscou e o Ocidente, devido ao envenenamento, na Inglaterra, do ex-agente duplo Serguei Skripal e sua filha, Yulia. Moscou anunciou no sábado a expulsão de 23 diplomatas britânicos, em represália a uma medida similar adotada por Londres. A eleição foi celebrada simbolicamente após a ratificação da anexação da Crimeia à Rússia, decidida após um referendo considerado ilegal por Kiev e pelas potências ocidentais. Kiev bloqueou o voto de eleitores russos estabelecidos na Ucrânia. Dezenas de policiais e militantes nacionalistas bloqueavam neste domingo o acesso aos consulados russos em várias cidades.

AFP

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