Participamos do

Contra o relógio e cansaço, resgate continua após terremoto no México

17:48 | Set. 21, 2017
Autor O POVO
Foto do autor
O POVO Autor
Ver perfil do autor
Tipo Notícia

[FOTO1] 

Contra o tempo e o cansaço, as tarefas de resgate e ajuda continuam nesta quinta-feira na Cidade do México depois do poderoso terremoto de magnitude 7,1 de terça-feira, quando são somados ao menos 233 mortos e a esperança de encontrar sobreviventes começa a minguar.

Junto com a incerteza pelos eventuais sobreviventes, junta-se agora o esgotamento de muitos dos milhares de voluntários que foram às ruas desde que o início da emergência, há 48 horas.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

O balanço de mortos se mantém em 102 na Cidade do México, 69 no estado de Morelos, 43 em Puebla, 13 no estado do México, cinco em Guerrero e um em Oaxaca, segundo dados do sistema de Proteção Civil do governo.

Um foco de atenção é o colégio particular Enrique Rebsamen, na zona sul da capital, onde 21 crianças morreram, mas as autoridades comprovaram que ao menos uma menina permanece viva sob os escombros.

Mas a deterioração do edifício, que mostra um colapso notório, forçou a repensar o resgate com mais cautela e menos equipes.

"Trabalhamos de maneira muito cirúrgica para evitar qualquer dano e inclusive avaliamos outras formas de conseguir tirá-la", disse à AFP Aldo Valencia, socorrista voluntário de 22 anos que deixou o trabalho para dar espaço aos especialistas militares.

Marisol Alexander, que mora na mesma quadra da escola destruída, da qual seus dois filhos foram alunos até o ano passado, confessa que "ainda não conseguiu assimilar".

"Às vezes estão bem e de repente choram por seus professores, por seus amigos", conta Alexander à AFP sobre seus filhos.
Na escola, conseguiram tirar nesta quinta-feira o corpo de uma mulher de 58 anos que trabalhava no local, enquanto as autoridades dizem que nenhum pai compareceu em "aproximadamente 12 horas" para cooperar com a identificação de seus filhos.

"Esperamos que seja uma busca bem-sucedida, e isso apesar de não conseguir encontrar um parente", disse o ministro da Educação, Aurelio Nuño, à emissora local Televisa.

Até agora, 11 crianças e pelo menos uma professora foram retirados com vida da escola.

No bairro central Roma, os socorristas batalham em sua tentativa de encontrar ao menos 23 desaparecidos no que foi um prédio de sete andares, e que agora se tornou uma montanha de escombros.

Das ruínas desta construção, as equipes de resgate retiraram até agora 28 pessoas, de acordo com listas publicadas por eles.
Armando Albarrán, de 49 anos, acredita que sua sobrinha Karina, de 30 anos, está viva, mas presa no que era o quarto andar do imóvel e que, segundo os socorristas, poderia abrigar mais sobreviventes.

"Existem indícios de que ainda há pessoas ali. Ao que parece, ela está com vida, pelo que nos informam. E a verdade é que continuamos de pé", declarou à AFP.
Pola Díaz, uma das mais famosas "Topos" do México - grupo de socorristas voluntários surgido após o devastador terremoto de 19 de setembro de 1985 que deixou mais de 10.000 mortos -, pede que as autoridades não parem os trabalhos de resgate.

"Depois de 72 horas suspendem os trabalhos de resgate e começam a demolição(...). Peço que não sejam tão estritos com este protocolo, que haja um pouco mais de flexibilidade", disse Díaz, de 53 anos, à AFP.

A outra batalha é contra o cansaço. No Parque México do bairro Condesa, a bela arquitetura do início do século XX contrasta com a atividade intensa e as pilhas de alimentos acumulados em um improvisado centro de armazenamento.

"Estamos coordenando grupos, embora haja pessoas que estão se desesperando, estamos aguardando", declara Fernando Olea, a cargo de um grupo de ajuda civil.

A força física se esgota e o trabalho está mais lento. "Tragam pessoas, estamos cansados", ouve-se dizer a uma brigadista.

Inúmeros países deram amostras de solidariedade, com equipes de socorristas de El Salvador, Panamá e Israel que já estão no México.
Um funcionário americano afirmou à AFP que uma equipe de resgate e maquinário pesado partiram na noite de quarta-feira do sul da Califórnia, depois das condolências enviadas por Donald Trump ao presidente Enrique Peña Nieto.

O México está localizado entre cinco placas tectônicas cujos movimentos o convertem em um dos países com maior atividade sísmica no mundo.

Em 7 de setembro, um terremoto de magnitude 8,1, o mais forte em um século no México, deixou 96 mortos e mais de 200 feridos no sul do país, especialmente nos estados de Oaxaca e de Chiapas.

AFP

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente