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Edificações feitas de madeira podem ser solução para esfriar o planeta

31% das emissões globais de carbono poderiam ser evitadas se houvesse a substituição do concreto e do aço por madeira
10:54 | Mai. 19, 2017
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[FOTO1]Uma solução para combater o efeito estufa pode vir da construção de edificações utilizando a madeira como material principal. De acordo com pesquisa publicada na revista Nature, 31% das emissões globais de carbono poderiam ser evitadas se houvesse a substituição do concreto e do aço por madeira. A pesquisa foi realizada por Chad Oliver, ecologista florestal na Universidade de Yale, nos Estados Unidos.
 
Um exemplo de prédio moderno recém-construído é a edificação de oito pavimentos, 30 metros de altura, concluído em 2014, na cidade de Prince George, no Canadá e pertencente ao Centro de Inovação e Design em Madeira na Universidade da Columbia Britânica do Norte (UNBC). O prédio foi construído com placas de madeira que foram coladas e pressionadas para ficarem unidas, o que criou um material muito mais resistente. Depois, foram cortadas precisamente com lasers e utilizadas na construção como módulos.
 
[FOTO2]Só com isso, segundo a pesquisa, foi possível evitar a emissão de mais de 400 toneladas de dióxido de carbono, ao retirar o concreto e o aço da construção, já que gastam muita energia para serem produzidos. A pesquisa ainda informa que o prédio absorve 1.100 toneladas de CO2 só com a madeira utilizada, pois ela já havia retirado esse poluente do ar quando era uma árvore e agora não será queimada nem decomposta de nenhuma forma. A construção desse prédio foi responsável por diminuir uma emissão equivalente ao produzido por 160 residências por um ano, informa o estudo.
 
Com o tempo, uma mudança como essa poderia ajudar a humanidade a retirar bastante dióxido de carbono da atmosfera, potencialmente revertendo o curso das mudanças climáticas. "Isso é algo que poderia ter um impacto significativo no enigma que é a mudança no meio ambiente global", diz Christopher Schwalm, um ecologista do centro de pesquisa sobre madeira, de Massachussetts.
 
[FOTO3]Um dos impedimentos de utilizar madeira para essas construções está nos custos da construção. A indústria em torno dessa área já está focada na utilização de concreto e aço, por isso, principalmente quando se trata de prédios altos, acaba saindo mais caro a utilização de madeira. Outra problemática está em assumir que seria utilizado apenas madeira reflorestada e sem as práticas de corte ilegal de madeira. A preocupação de muitos pesquisadores é que isso venha a prejudicar os ecossistemas de florestas. "Se nós vamos cortar madeira, nós precisamos fazer isso de tal forma que não seja apenas sustentável para a floresta, mas também para a biodiversidade e tudo o mais", explica Chad Oliver.
 
[FOTO4]A pesquisa de Chad Oliver diz que a civilização se aproveita de apenas 20% do crescimento das florestas todos os anos. Com isso, mais madeira poderia ser retirada sem reduzir, no geral, a quantidade de carbono retirada da atmosfera. E isso tem potencial de ajudar a reverter o aquecimento global se for utilizado esse material em construções. O impacto no clima depende de como essa madeira retirada será usada, informa a pesquisa.
 
Reflorestar iria retirar aquele CO2 do ar novamente, mas a ideia é conseguir diminuir esses níveis. "Apenas o fato de que você ter madeira maciça significa que você está mantendo CO2 fora da atmosfera", afirma Chad Oliver.
 
[FOTO5]Não só em relação ao carbono "sequestrado" da atmosfera que a madeira se prova melhor em relação às emissões. Na construção do edifício da UNBC, os pesquisadores investigaram desde a fabricação e transporte de cada material - até a cola derivada de combustíveis fósseis que mantinha as tábuas juntas. No geral, as emissões relacionadas com a construção foram 12% das equivalentes de um prédio de concreto, principalmente devido às diferenças no uso de combustível fóssil. "Quando você compara um prédio de madeira com um de concreto, madeira vence todas as vezes," diz Jim Bowyer, engenheiro da Universidade de Minnesota em St. Paul.
 

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