Participamos do

Trump, primeiro presidente americano em exercício a visitar o Muro das Lamentações

Para os israelenses, a soberania sobre o muro não é sequer questionada, e sua conquista em 1967 durante a Guerra dos Seis Dias é celebrada como uma libertação
13:49 | Mai. 22, 2017
Autor O POVO
Foto do autor
O POVO Autor
Ver perfil do autor
Tipo Notícia

[FOTO1] Donald Trump se recolheu nesta segunda-feira diante do Muro das Lamentações em Jerusalém, tornando-se o primeiro presidente americano em exercício a visitar esse local sagrado do judaísmo.


Quipá preto na cabeça, Trump permaneceu estático por um momento, com a mão direita no muro, antes de deslizar, segundo a tradição, um pedaço de papel nos espaços entre as pedras antigas erodidas pelo tempo.
Estes papéis geralmente contêm orações ou pedidos.


O 45º presidente dos Estados Unidos, um protestante, escreveu, em seguida, algumas palavras em um grande livro colocado na esplanada de frente para o muro, geralmente repleto de pessoas, mas esvaziado de todos os fieis e turistas para a ocasião.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine


"Foi uma grande honra. Paz", escreveu. Trump, acompanhado pelo rabino Shmuel Rabinovitz, visitou o local de oração sem qualquer líder israelense.


A eventual presença de um líder israelense poderia ser interpretado como o reconhecimento da soberania israelense sobre o local pelos Estados Unidos, enquanto o governo americano continua a considerar que o status diplomático de Jerusalém ainda deve ser negociado.


Os preparativos para a visita foram envolvidos por polêmicas em Israel quando o governo americano se negou a dizer que o muro se encontra em Israel.


O Muro das Lamentações está localizado em Jerusalém Oriental, parte palestina que Israel tomou em 1967 e anexou em 1980.


É o que resta do muro de contenção do Segundo Templo destruído pelos romanos em 70. O templo estava construído no que hoje é a Esplanada das Mesquitas, com o icônico Domo da Rocha e a mesquita de Al-Aqsa, terceiro local mais sagrado do Islã.


Os judeus continuam a reverenciar o promontório como o Monte do Templo, mas não estão autorizados a rezar no local.


Israel considera toda a Jerusalém como sua capital "indivisível", enquanto os palestinos querem fazer de Jerusalém Oriental a capital do Estado que aspiram.

 

Para os israelenses, a soberania sobre o muro não é sequer questionada, e sua conquista em 1967 durante a Guerra dos Seis Dias é celebrada como uma libertação.


"O Monte do Templo e o Muro Ocidental (outro nome do Muro das Lamentações) ficarão eternamente sob soberania israelense", declarou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, no domingo à noite na abertura das festividades que marcam o 50º aniversário da conquista de Jerusalém Oriental pelo exército israelense.


No Muro das Lamentações, a esposa e a filha de Trump, Melania e Ivanka, que também é sua assessora na Casa Branca, visitaram a parte reservada às mulheres.


Depois de orar, Ivanka Trump, convertida ao judaísmo e vestida de preto, limpou algumas lágrimas. Seu marido Jared Kushner, na delegação, também visitou o local.


Homens e mulheres devem orar separadamente no muro de acordo com uma interpretação estrita das leis do judaísmo.


Antes desta histórica visita ao local de oração mais sagrado para os judeus, Trump e sua família visitaram o Santo Sepulcro, o lugar mais sagrado do cristianismo, a poucas centenas de metros pelas ruas antigas da Cidade Velha.


A área está praticamente sob toque de recolher, desorientando os turistas que não contavam com a presença do presidente americano. Um cristão mexicano, Mauricio Guerra, lamentou não poder visitar o local onde, segundo a tradição, Jesus foi crucificado. "Nós mexicanos já temos Trump como vizinho, e ele ainda vem nos seguir aqui", brincou. "Nossa cruz é ele", acrescentou, estendendo os braços.

AFP

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente