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Cientista cearense é coautor de artigo sobre antimatéria na revista Nature

Cláudio Lenz Cesar é um dos 50 pesquisadores de projeto e estuda no Centro Europeu de Física de Partículas (Cern) o porquê de não existir mais a antimatéria primordial
20:42 | Dez. 19, 2016
Autor Domitila Andrade
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Domitila Andrade Repórter Esportes
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Tipo Notícia
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Um novo passo foi dado para entender por que a antimatéria primordial, presente na criação do Universo, não existe mais. Em pesquisa com resultados publicados nesta segunda-feira, 19, na revista científica britânica Nature, o grupo de 50 cientistas da Colaboração Alpha, do Centro de Europeu de Física de Partículas (Cern), avança na comparação entre matéria e antimatéria utilizando lasers. O pesquisador cearense Cláudio Lenz Cesar é um dos quatro brasileiros da pesquisa.

O artigo intitulado “Observation of the 1S-2S transition in trapped antihydrogen”(“Observação da transição 1S-2S do anti-hidrogênio aprisionado”, em livre tradução) revela dados sobre a pesquisa que deve ser uma das mais importante do campo publicadas este ano.

Após criar o anti-hidrogênio (molécula em que, ao contrário do hidrogênio, o próton é negativo e o elétron é positivo), e conseguir aprisioná-lo, os cientistas agora conseguiram pela primeira vez a interação da partícula com um laser - o que permite a comparação precisa da similaridade ou não entre matéria e antimatéria.

“A gente conseguiu usar um laser para fazer uma medida no anti-átomo. É a primeira vez que se consegue interagir um laser com um anti-átomo”, comemora Cláudio, que é professor do Departamento de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Feitos há 19 anos, os estudos reproduzem na antimatéria o que já foi feito com os átomos e que deu origem a Mecânica Quântica. 

“A Teoria Quântica veio para explicar, a partir da excitação do átomo, quais as energias necessárias para você levar o elétron de uma camada para outra. Agora, conseguimos fazer isso com o anti-átomo, levando o pósitron (como é chamado o elétron positivo) a fazer a transição de um estado quântico para outro”.

A partir dessas transições é possível fazer comparações se as energias para promover as mudanças de nível quântico são similares entre átomo e anti-átomo, com cargas opostas. Até agora, foi feita a comparação em dez casas decimais entre os níveis do átomo e do anti-átomo e por enquanto elas estão em acordo. No ano que vem, a pesquisa irá chegar a comparação de 15 casas decimais.

“Nada garante que elas continuem em acordo. A Teoria da Física afirma que átomo e anti-átomo são semelhantes. Para ela estar correta, essas medidas vão dar absolutamente iguais. E nós vamos continuar sem uma explicação do porquê o Universo só tem matéria. Se der igual, teremos de buscar outras explicações. Se der diferente, a antimatéria não é igual a matéria e teríamos que mudar bastante a teoria atual da Física”, projeta.
 
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