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Arábia Saudita novamente na mira após massacre no Iêmen

08:21 | Out. 09, 2016
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Tipo Notícia
A Arábia Saudita estava neste domingo novamente na mira após o massacre na capital iemenita Sanaa, onde mais de 140 pessoas morreram, e que levou Washington a se distanciar de Riad.
Um bombardeio atingiu em cheio uma importante cerimônia funerária no sábado na cidade controlada pelos rebeldes xiitas, indicou a ONU.
No ataque, 525 pessoas também ficaram feridas, segundo o último balanço.
A coalizão árabe, dirigida pela Arábia Saudita, negou em um primeiro momento qualquer envolvimento nos bombardeios, mas mais tarde, durante a noite, anunciou uma investigação imediata.
Este ataque foi denunciado por Washington, Teerã, pela Cruz Vermelha e pelo coordenador de assuntos humanitários da ONU no Iêmen.
Os Estados Unidos, aliados de Riad, disseram estar "profundamente preocupados" e anunciaram que revisarão seu apoio à coalizão árabe, uma ajuda que foi diminuindo nos últimos meses.
A cooperação "com a Arábia Saudita em matéria de segurança não é um cheque em branco", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Ned Price.
As relações entre Washington e Riad foram se deteriorando nos últimos dois anos, especialmente desde o início da aproximação entre Estados Unidos e Irã.
O objetivo da coalizão árabe é restabelecer a autoridade do governo iemenita reconhecido pela comunidade internacional em todo o país, controlado em parte pelos rebeldes xiitas huthis, que se apoderaram de Sanaa há dois anos.
O Irã, que apoia os huthis, reagiu rapidamente ao bombardeio. O porta-voz do ministério iraniano das Relações Exteriores, Bahram Ghasemi, "condenou com firmeza os ataques" sauditas, classificando-os de "crime espantoso contra a humanidade".
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, exigiu por sua vez uma investigação "rápida e imparcial", acrescentando que os responsáveis terão que responder ante a justiça, em um comunicado.
Desde o início do conflito atual, em março de 2015, centenas de civis foram vítimas colaterais dos bombardeios atribuídos à coalizão árabe.
Em um comunicado, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) se disse horrorizado por estas novas perdas "monstruosas" de vidas civis. Robert Mardini, seu diretor para o Oriente Médio, informou que o CICV fazia o máximo para fornecer sua ajuda. Entre outras medidas, enviou "300 sacos mortuários" para retirar os corpos.
O coordenador de assuntos humanitários da ONU no Iêmen, Jamie McGoldrick, também condenou o ataque. "A comunidade humanitária do Iêmen está comovida e chocada pelos bombardeios contra uma sala pública onde milhares de pessoas participavam de uma cerimônia funerária".
Estas pessoas se dirigiram ao funeral para apresentar seus pêsames pela morte do pai do ministro do Interior rebelde, Jalal al-Ruishen.
O prefeito de Sanaa, Abdel Qader Hilal, figura entre os falecidos, informou a rede de televisão dos rebeldes, Al Masirá. Não se exclui que outros rebeldes de alto escalão tenham perdido a vida no massacre.
"Um avião lançou um míssil e minutos depois outro avião atacou" o edifício, disse uma testemunha à AFP, identificada com seu nome, Mujahid.
O governo iemenita, que precisou fugir do país em fevereiro de 2015, tenta atualmente ganhar espaço com o apoio da coalizão árabe. Conseguiu reforçar suas posições no sul, mas tem problemas para reconquistar as regiões do norte.
Em agosto, fracassaram as negociações inter-iemenitas no Kuwait, auspiciadas pela ONU, para alcançar um acordo político.
Na sexta-feira, o enviado da ONU, Ismail Uld Sheikh Ahmed, havia sugerido a possibilidade de instaurar uma trégua de 72 horas, mas isso foi antes do massacre de Sanaa.
O ataque "não permanecerá impune", advertiu o Conselho político supremo, criado recentemente pelos huthis e seus aliados, os partidários do ex-presidente Ali Abdullah Saleh. O ex-presidente fez um apelo aos seus seguidores para "utilizar todos os meios para responder a este crime".
AFP

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