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Um dia após levar 3ª medalha, Isaquias diz que 'ficha não caiu'

14:00 | Ago. 21, 2016
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Tipo Notícia

Um dia após a conquista da terceira medalha para a canoagem nos Jogos Olímpicos, com a prata no C2 1.000 metros, a ficha dos baianos Isaquias Queiroz e Erlon de Souza ainda não caiu. A realidade pós-olímpica começou com uma agenda lotada de entrevistas e sem descanso. Alçado ao posto de herói nacional como primeiro atleta a ganhar três medalhas em uma única Olimpíada, Isaquias ainda tem um último compromisso no Rio antes de realizar um desejo muito simples: comer um acarajé na Bahia. O atleta será o porta-bandeira da delegação brasileira na cerimônia de encerramento dos Jogos, na noite deste domingo, no Maracanã.

"Rapaz, eu dormi pouco ainda. Acho que mais desgastante é a sequência de entrevistas. Mas está sendo legal essa parte também", disse Isaquias em mais uma entrevista coletiva, na manhã deste domingo. O canoísta ainda não tem a dimensão exata da fama que alcançou, mas já começa a se deparar com a nova realidade. "Duas vezes saí em Copacabana e não deu para andar, sinceramente (risos)", afirma. Ele ri sobre a brincadeira que se espalhou propondo a mudança do nome da Lagoa Rodrigo de Freitas, onde disputou as provas, para Isaquias Queiroz. "Curti para caramba a brincadeira, mas não é necessário mudar. Mas se mudasse seria legal também", se diverte.

Isaquias diz estar feliz com o reconhecimento do público, que considera a sua medalha de ouro. Na cerimônia de encerramento, ele promete entrar sambando no gramado do Maracanã para representar a alegria do povo brasileiro. "O que o brasileiro tem em comum? Felicidade, alegria, vontade de se divertir. Vou entrar brincando, pulando, dançando. Não vou jogar futebol, mas vou sair sambando no campo", diz. A possibilidade de carregar a bandeira foi uma motivação a mais na briga por medalhas, já que conquistando mais pódios ele imaginou que poderia ganhar a briga pelo posto com outros medalhistas.

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Depois de um longo período de dedicação incessante aos treinamentos focados na Rio-2016, Isaquias e Erlon só pensam nas férias e em voltar à Bahia, sua terra natal. Erlon não vai ao estado há um ano. "Vão ser as melhores férias da minha vida. Com a medalha, claro", diz, enquanto o irreverente Isaquias pega no pé do companheiro de canoa. "Tem gente que vai ter mais sofrimento que eu. Ele vai de carro pra Bahia, eu vou de avião", provoca.

Isaquias diz estar com saudade "da mãinha", sua mãe, Dilma Queiroz, que acabou também se tornando um personagem da Olimpíada. O recordista brasileiro de medalhas tem desejos simples durante seu descanso: dormir, assistir filmes, ouvir música, fazer churrasco com os amigos e comer o acarajé de Ubatã, cidade de Erlon, que é segundo ele o melhor da Bahia. Ele também pensa em viajar para a praia e fazer esportes radicais.

"Vou fazer bastante coisa diferente do que faço no dia a dia da canoagem. Vida de atleta não tem nada de normal, é tudo anormal", diz, em referência à dura rotina de treinos estabelecida pelo técnico espanhol Jesus Morlán.

Tanto Isaquias quanto Erlon creditam muito de seu sucesso ao método de trabalho de Morlán, que "anota tudo", faz gráficos, é exigente, mas sabe a hora de desacelerar. "Ele fica trancado domingo e sábado dentro do quarto reescrevendo o treinamento", conta Isaquias, para quem o talento de um atleta pode não ser suficiente sem um bom treinador.

Morlán ainda avalia a sua permanência no Brasil, o que vai depender de haver um projeto para a canoagem. Entre as preocupações do técnico está justamente a mudança na vida de Isaquias após o feito de conquistar três medalhas no Rio. O técnico teme que ele fique deslumbrado com a fama repentina.

O presidente da Confederação Brasileira de Canoagem, João Tomasini, diz que isso vem sendo trabalhado por meio de apoio psicológico. "Erlon e Isaquias estão investindo em patrimônio, em conforto, porque tinham uma vida difícil. Tem que realmente trabalhar a cabeça deles mostrando que conquistaram muito e podem conquistar ainda mais", disse.

A confederação trabalha para renovar os patrocínios de BNDES, GE - já estendido até 2018 - e Itaipu, além de discutir contratos com novos patrocinadores. O objetivo é investir nos atletas de ponta, como Isaquias e Erlon, mas também nas formação de base do esporte.

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