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Rompendo sete anos de promessa, governos prometem resgatar a Paralimpíada do Rio

15:50 | Ago. 16, 2016
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Os eventos olímpicos no Rio rompem uma promessa de sete anos e terão de contar com recursos públicos para que possam ocorrer dentro dos padrões exigidos. Na última segunda-feira, o Comitê Paralímpico Internacional (CPI) recorreu ao governo de Michel Temer e Eduardo Paes para garantir R$ 250 milhões aos Jogos Paralímpicos, em setembro.

Mas a entidade pressiona Carlos Arthur Nuzman, presidente do Rio-2016, para que abra suas contas, atendendo ao pedido da Justiça brasileira. Só assim, o evento será resgatado pelo dinheiro público, rompendo uma promessa de que nenhum recurso oficial seria utilizado nas competições. Nuzman, durante sete anos, prometia que faria os eventos sem recursos públicos.

A crise começou quando, sem dinheiro para pagar pelos Jogos Olímpicos, os organizadores do evento esvaziaram em parte o orçamento da Paralimpíada. O resultado poderia ser a desistência de dezenas de delegações, já que até hoje não receberam os recursos para mandar os atletas.

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Na última segunda, a direção do CPI foi até Brasília para se reunir com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e solicitar soluções diante da crise financeira que o evento atravessa. Os dirigentes receberam garantias de que o apoio viria. Pela manhã, a entidade recebeu do prefeito Eduardo Paes garantias de que receberiam também R$ 150 milhões.

Mas, para que o dinheiro seja liberado, a Justiça obriga Nuzman a revelar todas suas contas, o que ele se nega a fazer alegando que se trata de uma empresa privada. "Claramente, a forma mais simples e fácil de solucionar isso é de cumprir com a decisão, ser aberto e transparente e permitir que fundos adicionais entrem", afirmou o presidente do CPI, Philip Craven, numa pressão contra o dirigente brasileiro.

Segundo ele, em Brasília, o governo deu garantias de seu compromisso com os Jogos e os rumores de que o evento não ocorreria "não são verdadeiro". A Rio-2016 ainda se comprometeu a dar dinheiro para comprar as passagens dos atletas até o final do mês. "Se isso não ocorrer, vários países não poderão ira o Rio, num evento que levou os atletas a se planejarem por anos", declarou o presidente. Ele também destacou que, sem recursos, cortes vão afetar os esportistas.

Os organizadores da Rio-2016 confirmam que irão precisar de ajuda de dinheiro público. Mas não sabem exatamente quanto seria o rombo. "O governo federal indicou que receberia R$ 250 milhoes. Ainda não sabemos exatemente quanto precisaremos", indicou Mario Andrada, diretor de Comunicação da Rio-2016. "Mas vamos precisar de ajuda", disse.

"Para realizar os Jogos Paralímpicos como precisamos fazer, precisamos de um apoio financeiro. Todos os Jogos tiveram apoio de países. Os ingressos não decolaram e não conseguimos acordos com patrocinadores", justificou. Há dois dias, o Rio-2016 insistia que não precisava de dinheiro.

Para repassar recursos municipais ao comitê, a prefeitura do Rio entrará com recurso na Justiça Federal do Rio a fim de derrubar liminar concedida na última sexta-feira que proíbe repasses de recursos públicos aos organizadores dos Jogos até que o Comitê Organizador faça uma prestação pública de contas.

Paes ainda tentou justificar o dinheiro público. Para ele, a Paralimpíada tem uma "realidade diferente". "A Paralimpíada é um evento incrível, mas como negócio não é exatamente atraente para patrocinadores, para venda de ingressos, é um modelo de negócio que eventualmente não fecha. A Olimpíada é um negócio que se paga", comparou.

"Há duas ou três semanas tivemos sinais de que o comitê talvez não tivesse recursos para pagar algumas contas da Paralimpíada. A prefeitura, se for necessário, tem entre R$ 100 milhões e R$ 150 milhões especificamente para a Paralimpíada", disse Paes em entrevista depois da reunião. "Seria uma vergonha para o Brasil e para as pessoas com deficiência não ter Paralimpíada."

O prefeito disse ser "natural" que o comitê organizador não tenha obrigação de prestar contas de suas receitas e despesas. Paes disse ter expectativa que as contas da Olimpíada não fechem no vermelho, mas reconheceu que é provável que os recursos privados sejam insuficientes no caso dos Jogos Paralímpicos.

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