Participamos do

Opinião: Não foi revanche foi mais do que isso

08:25 | Ago. 21, 2016
Autor O POVO
Foto do autor
O POVO Autor
Ver perfil do autor
Tipo Notícia
Não se pode desfazer o 7 a 1 do Mineirão. Mas o ouro inédito conquistado pelo Brasil contra a algoz Alemanha devolve a um povo emocionalmente abatido a autoconfiança e cura um pouco a ferida de 2014, opina Joscha Weber. O mais assustador eram os rostos. Quem, no dia 8 de julho de 2014, olhou ao redor no Mineirão, viu espanto, desorientação, raiva e tristeza. Mãos cobriam os olhos, que não podiam mais aguentar tantas lágrimas. De perto, o 7 a 1 parecia um grito coletivo desesperado de dor. Uma dor que não deixava um país que ama o futebol como nenhum outro. "A vergonha", dizem muitos brasileiros quando se lembram dessa partida única na história. Nada pode desfazer o que aconteceu. Perder a Copa do Mundo em casa assim foi a experiência mais brutal possível para o país do futebol. E o torneio olímpico, com sua restrição de idade, não é uma real revanche. Mas aqui, durante os Jogos, o Brasil teve a chance de uma pequena reparação. Como na Copa, os torcedores não esperavam nada além do ouro nas Olimpíadas. E o Brasil avançou, impulsionado por uma grande euforia e uma vontade incondicional de se sair melhor desta vez. Ter a Alemanha como adversário na decisão foi o toque final desse drama. O que se desenrolou no Maracanã deixou os nervos à flor da pele: o Brasil à frente no placar; o empate da Alemanha; prorrogação; disputa de pênaltis numa loteria em que justamente o herói trágico da Copa fez a diferença. Neymar, que, machucado, perdeu a semifinal contra a Alemanha, converteu a última cobrança e redimiu uma nação que mereceu essa vitória. A vergonha de Belo Horizonte foi seguida por outros pontos baixos: corrupção nos mais altos níveis, terremoto político, derrocada da economia, o surto de zika, o colapso financeiro do Rio. A vitória olímpica no futebol, é claro, não resolve esses problemas. Mas devolve a um povo emocionalmente abatido a autoconfiança um efeito que, psicologicamente, não pode ser subestimado. Na noite deste sábado, a dor crônica do 7 a 1 diminuiu um pouco. O jornalista Joscha Weber é chefe da redação on-line de esportes da DW. Autor: Joscha Weber

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente