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Juiz ordena prisão da presidente das Mães da Praça de Maio

Magistrado argentino emite ordem de detenção contra Hebe de Bonafini, de 87 anos, por ela se negar a depor sobre suposto desvio de dinheiro
11:26 | Ago. 05, 2016
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Bonafini (centro), durante marcha  Praça de Maio

 


Um juiz argentino ordenou nesta quinta-feira, 4, a prisão da presidente da associação Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, por se negar a depor, pela segunda vez, sobre suposto desvio de verbas públicas destinadas à construção de casas populares.

A ordem foi emitida pelo juiz federal Marcelo Martínez de Giorgi, depois que Bonafini, de 87 anos, se recusou a comparecer às audiências marcadas para o último dia 6 de julho e esta quinta-feira.

Bonafini preside desde 1979 as Mães da Praça de Maio, associação que reúne mulheres que reclamam por seus filhos desaparecidos durante a ditadura militar (1976-1983). Os dois filhos e a nora dela desapareceram em 1977 e 1978.

A octogenária e suas companheiras saíram nesta quinta-feira da sede da associação em direção à Praça de Maio para a tradicional marcha semanal, realizada desde 1977. Em um breve discurso, a poucos metros do Parlamento argentino, Bonafini leu uma carta enviada ao juiz e falou com a imprensa, rodeada de centenas de militantes e também de dirigentes do kirchnerismo que estiveram presentes para expressar apoio à líder das Mães da Praça de Maio.

Ela afirmou que não tem medo da prisão, porque foi "muitas vezes" presa durante a última ditadura militar. "Eles querem nos fazer desaparecer, mas, mesmo que nos matem, vamos continuar lutando", declarou Bonafini. Além de ordenar a prisão da presidente da associação, o juiz também a proibiu de sair do país.

Governo não cumpre ordem

Segundo noticiou jornal argentino Clarín nesta sexta-feira, o governo não quis deter Bonafini imediatamente por haver erros na ordem de prisão emitida pelo magistrado. De acordo com a publicação, o endereço da associação na ordem é o mesmo divulgado pelo site da Mães da Praça de Maio, mas, tecnicamente, ele não existe.

Por essa razão, o policial federal Gómez Oliveira, em acordo com o advogado da associação, Eduardo Barcesat, decidiu não prendê-la. Mais tarde, eles também desistiram de detê-la na Praça de Maio, porque, em rigor, o juiz havia emitido uma ordem de detenção, mas não de captura que pode ser feita em qualquer lugar, além dos domicílios especificados pelo juiz.

No entanto, altos funcionários do governo afirmaram ao jornal considerar que Bonafini está em fuga e que ela será detida, sem definir quando.

De acordo com a publicação, apesar da ordem de prisão, Bonafini viajará nesta sexta-feira para a cidade argentina de Mar del Plata para dar continuidade à agenda prevista. Ela participará de um congresso de comunicação política, desafiando a ordem judicial.

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AFP


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