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COI corre contra o tempo a poucos dias da abertura dos Jogos-2016

16:41 | Ago. 01, 2016
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Participação dos russos acusados de doping, últimas obras em processo de acabamento... O COI e os organizadores dos Jogos Olímpicos do Rio-2016 disputam uma verdadeira corrida contra o tempo, a quatro dias da cerimônia de abertura do evento, na sexta-feira.
É quase um ultimato. As dúvidas sobre a participação dos atletas russos precisam ser respondidas rapidamente, antes da abertura dos Jogos.
O ministro russo dos Esportes, Vitaly Mutko, afirmou nesta segunda-feira que esperava uma resposta definitiva até terça-feira. "Espero que hoje ou amanhã todas as formalidades que permitam a nossa equipe disputar os Jogos sejam concluídas".
A decisão final pertence a uma comissão formada por três membros nomeados pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). O trio foi encarregado de analisar -e eventualmente vetar- uma lista com os nomes dos atletas russos autorizados a competir pelas diversas federações internacionais de cada esporte.
Os membros da comissão não poderão 'repescar' os atletas que já foram afastados por doping ou suspeita de doping.
Uma dificuldade extra: alguns atletas rejeitados de antemão optaram por recorrer ao Tribunal Arbitral do Esporte (TAS), que no domingo ouviu as queixas de Vladimir Morozov e Nikita Lobintsev, dois dos sete nadadores russos afastados.
A audiência continuará nesta segunda-feira no Rio, explicou Matthieu Reeb, secretário-geral do TAS, adiantando que nenhuma decisão será tomada antes de segunda-feira à tarde. Outros dois atletas russos, a nadadora Yulia Efimova e o lutador Viktor Lebedev, também apelaram ao TAS.
Nesta segunda-feira, a federação russa de levantamento de peso seguiu o mesmo caminho, apelando ao TAS contra a exclusão dos oito atletas do país que competiriam no Rio.
O tempo é curto, apesar do escândalo de doping no esporte russo ter surgido há quase nove meses, em novembro de 2015, após a descoberta de um sistema de trapaça organizada no atletismo.
Thomas Bach, presidente do COI, rejeitou no domingo qualquer responsabilidade em relação à lentidão do processo, colocando a culpa na demora para a publicação do relatório McLaren (18 de julho), que desvendou o esquema de doping de Estado na Rússia.
Nesta segunda-feira, a Wada se defendeu das críticas, garantindo ter agido assim que recebeu "provas corroboradas", mas admitiu que "entende que o 'timing' (18 de julho) da publicação do relatório McLaren foi desestabilizante para diversas entidades".




O tempo é curto também para a organização dos Jogos. Os atletas do mundo todo desembarcam no Rio num momento em que a Vila Olímpica não aparenta estar 100% pronta.
No dia de sua inauguração, em 24 de julho, problemas de acabamento atingiam metade dos 31 edifícios, obrigando a contratação de cerca de 630 encanadores para acabar com vazamentos recorrentes.
"Quando cheguei no aeroporto (quinta-feira), decidi ir direto à Vila, sem sequer tomar banho ou fazer a barba antes", explicou Thomas Bach. "No local, conversando com atletas e chefes de delegação, senti que a impressão era positiva. As últimas obras foram realizadas nas últimas 24 horas e a Vila está agora fantástica".
Primeiros a chegar, os australianos foram obrigados a deixar a Vila momentaneamente. Na volta, seu edifício foi atingido por um pequeno incêndio, rapidamente controlado pelos bombeiros.
Em resumo, a organização ficou sem margem para erro, inclusive no acabamento de alguns locais que sediarão provas. No Parque Olímpico, são dados os últimos retoques de pintura e os últimos equipamentos estão sendo entregues.
A principal dúvida continua sendo a situação do Velódromo, entregue ao COI somente em final de junho, impossibilitando a realização de um evento-teste antes do início das competições, previsto para 11 de agosto.




A correria de última hora também afetou a construção da nova linha de metrô, que une a Zona Sul do Rio à Barra da Tijuca e inaugurada no sábado.
A nova linha deverá entrar (parcialmente) em serviço na segunda-feira. Por não ter sido testada em grande escala, só poderá ser usada inicialmente por membros da "família olímpica" (espectadores com ingressos e pessoas credenciadas).
A situação da Baía de Guanabara, porém, é um caso à parte. Quando foi escolhido para sediar os Jogos, em 2009, o Rio prometeu que 80% das águas seriam tratadas. Sete anos depois, o esgoto da cidade continua sendo despejado na famosa baía.
Apesar da presença de barcos catadores e redes de proteção, todo tido de lixo acaba aparecendo nos locais das provas, carregado pela corrente. As últimas análises não apontam qualquer melhora na qualidade da água, contaminada por bactérias.
Entre duas passagens de boias, os velejadores terão que driblar alguns objetos para cruzar a linha de chegada.
Vitória, derrota, risos, lágrimas... Estas palavras acompanharão a grande festa olímpica a partir desta quarta-feira, quando serão disputados os primeiros jogos do torneio de futebol. As primeiras medalhas serão distribuídas no sábado, na natação, levantamento de peso, ciclismo, esgrima, judô, tiro esportivo e tiro com arco.
Será que os russos estarão no pódio?

AFP

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