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"Conflitos atuais transcendem fronteiras"

13:35 | Fev. 12, 2016
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Em entrevista, Wolfgang Ischinger, presidente da Conferência de Segurança de Munique, fala sobre desafios internacionais, como a guerra na Síria e o EI. A Europa precisa de uma política de defesa comum e credível, diz. Em entrevista à Deutsche Welle, o ex-diplomata alemão Wolfgang Ischinger, presidente da Conferência de Segurança de Munique, fala sobre os principais problemas a serem debatidos no encontro na capital da Baviera, no sul da Alemanha, entre esta sexta-feira (12/02) e domingo. Ischinger destaca a ausência de fronteiras em conflitos atuais como um dos principais temas da conferência. Na opinião dele, a Europa tem que se mostrar mais ativa diplomaticamente ao lidar com questões como a guerra na Síria e crise de refugiados. Além disso, seria preciso uma política de segurança e defesa "comum e credível" para combater o terrorismo do "Estado Islâmico" (EI). Deutsche Welle: A Conferência de Segurança de Munique está sendo realizada em tempos turbulentos. Qual é, na opinião do senhor, o assunto mais importante sobre o qual os participantes devem falar na capital da Baviera? Wolfgang Ischinger: A ausência de fronteiras em conflitos é o tema central. A guerra na Síria, que se tornou um conflito regional, a crise dos refugiados, ataques cibernéticos, terrorismo jihadista todos esses desafios transcendem as fronteiras. E nós ainda não conseguimos resolvê-los juntos e de forma eficaz. Alguns Estados parecem procurar soluções nacionais, mas elas não existem. O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou recentemente ser a favor da retomada do Conselho Otan-Rússia. O senhor apoiou a proposta. A Rússia ainda não deu uma resposta. O senhor acha que Moscou vai concordar, embora a Alemanha queira quase duplicar seus gastos de defesa e os EUA também queiram aumentar sensivelmente seus gastos para defender a Europa? Por que a Rússia não iria querer? Ninguém se surpreende em Moscou com o fato de o Ocidente voltar agora a investir mais em capacidades militares. Já estava na hora de isso acontecer. A crise migratória na Europa não só ainda não foi resolvida, mas também faz com que os países da União Europeia (UE) permaneçam profundamente divididos sobre a questão dos refugiados. Qual poderia ser a solução? Em primeiro lugar, a Europa finalmente tem que entrar num acordo sobre a distribuição de refugiados. Em segundo lugar, precisamos urgentemente de uma estratégia ampla para acabar com a guerra na Síria. Isso não será possível sem um consenso fundamental envolvendo Moscou, Riad e Teerã, por mais difícil que isso seja. Nesse ponto, a UE poderia ser diplomaticamente mais ativa. Em terceiro lugar, precisamos urgentemente de mais ajuda aos refugiados na região [Síria e países vizinhos]. O "Estado Islâmico" aparentemente tem perdido terreno na Síria e no Iraque, mas ao mesmo tempo foi capaz de expandir sua influência na Líbia e em outros lugares. Qual o perigo que o EI ainda representa tanto para a região como para fora dela? O EI tem sido muito bem sucedido no preenchimento de vácuos de poder em muitas partes do Oriente Médio. O grupo é mais forte que a Al Qaeda jamais foi, especialmente com sua rede na Europa e suas fortes atividades de recrutamento e propaganda na internet. O EI continuará sendo um problema enorme para a Europa durante muito tempo. Na Líbia, por exemplo, a UE pode não ter alternativa à intervenção militar, caso o EI continue a se expandir por lá. Aliás, esta é apenas uma das muitas razões pelas quais a Europa necessita desenvolver capacidades para implementar uma política de segurança e defesa comum e credível. Autor: Michael Knigge (md)Edição: Luisa Frey

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