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Opinião: A Grécia já blefou demais

14:21 | 19/06/2015
É hora de credores e gregos finalmente chegarem a um acordo na próxima cúpula extraordinária. Pelo bem da população, que seria a mais afetada por uma falência estatal, opina o articulista Bernd Riegert. O encontro dos ministros das Finanças do Eurogrupo desta semana terminou de forma perplexa. Ambos os lados, isto é, gregos e credores, insistem em manter suas posições imutáveis e implacáveis. As duas partes alegam que já foram muito longe em suas concessões durante as negociações. Não é verdade. Um dos lados tem um olhar totalmente absurdo, distorcido pela ideologia, sobre como resolver o problema. E você sabe de quem estou falando: Yanis Varoufakis, o ministro das Finanças da Grécia, que, desde o início das negociações com os credores, em fevereiro, parece não ter entendido uma única coisa. O inteligente professor Varoufakis preenche seu discurso com ideias bonitas sobre como a Grécia poderia ser transformada num paraíso com o corte da dívida e a impressão de mais dinheiro pelo banco central. Mas ele não está mais numa sala de aula e deveria agir de forma sensata no mundo real da política. Um exemplo: há semanas, o ministro Varoufakis fantasia sobre os planos de tributar os ricos e finalmente tornar mais eficaz a gestão financeira do país. Ele, porém, já deveria ter adotado esse caminho há muito tempo. Para isso, não é necessário um acordo com os credores, mas vontade política e um plano concreto o que parece estar faltando no arsenal desse rei da prolixidade. O responsável pelo ministério das Finanças deveria levar em conta que nenhum dos seus 18 homólogos nem o Fundo Monetário Internacional (FMI) nem o Banco Central Europeu (BCE) podem fazer algo com suas teorias. Varoufakis e o partido Syriza brincam com o destino dos gregos, que podem ficar numa situação ainda pior caso o país seja conduzido à falência ou forçado a sair da zona do euro. Por que, pelo amor de Deus, o governo grego resolveu agora insistir na reestruturação da dívida antes de se chegar a uma decisão sobre o pagamento do relativamente modesto valor de 7,2 bilhões de euros? Varoufakis e o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, têm que apaziguar as alas comunistas e esquerdistas radicais de seu partido. Isso é compreensível, mas não é uma justificativa para que toda a população grega seja feita refém. Sem mencionar ainda que a União Europeia está há meses paralisada com a crise em curso. Ou a equipe governista muda de atitude e consegue chegar a um acordo com os parceiros europeus sobre um novo resgate na próxima semana ou chegará a hora de novas eleições. Os outros países-membros não estão dispostos a conceder mais ajuda à Grécia sem um compromisso concreto com reformas apenas para manter o país na união monetária. Varoufakis deveria ter captado isso no último encontro em Luxemburgo com seus homólogos. O máximo que ainda pode ser alcançado na cúpula extraordinária é a extensão do atual programa para além de 30 de junho. Até lá, nenhum dinheiro pode ser liberado. Isso é tecnicamente impossível. A questão que permanece aberta é como a Grécia ainda pode evitar a falência. Para os europeus e as instituições internacionais, a mensagem é a seguinte: se vocês desejam manter a zona do euro como está, então, na segunda-feira (22/06), vocês precisam dar um sinal de esperança ao governo grego quanto a um possível corte da dívida, que poderá ser negociada após uma extensão do programa de ajuda. A cúpula extraordinária de segunda-feira é realmente a última chance de os dois lados se esforçarem. Mas ajam como adultos! Isso já foi pedido a ambas as partes pela chefe do FMI. Espera-se que os participantes se lembrem dessa advertência. O tempo urge. Há mais 11 dias até a possível falência da Grécia, pela qual o governo seria em grande parte responsável. Chega de blefar. Queremos resultados. Autor: Bernd RiegertEdição: Luisa Frey
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