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África do Sul recorda Mandela no primeiro aniversário de sua morte

"Eu sei que Madiba está bem acompanhado (...) este pensamento me apoiou ao longo de todo este ano", disse a viúva do ex-presidente
09:23 | Dez. 05, 2014
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Os sul-africanos recordaram nesta sexta-feira, 5, o primeiro aniversário da morte de Nelson Mandela com um serviço religioso e uma partida de críquete, honrando seu legado como defensor da luta contra o apartheid.

 O serviço multirreligioso ocorreu durante a manhã em uma colina de Pretória dedicada aos combatentes da luta contra a segregação racial.
Ron Martin, um chefe da comunidade khoisan, realizou ao amanhecer um ritual consagrado aos ancestrais da África do Sul, queimando ervas dentro de um chifre de kudu, um antílope africano.

 Após esta cerimônia foram realizadas orações cristãs, hindus, muçulmanas, judaicas e inclusive rastafáris, seguindo um espírito ecumênico que reflete a diversidade das comunidades do país e a universalidade da luta antirracista do ex-presidente Mandela.

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 "A vida de nossos ancestrais é o pilar de nossa sabedoria", disse Ron Martin.
"Estes vinte anos de democracia foram possíveis graças a Mandela. Antes do advento da democracia (em 1994) não podíamos praticar nossa religião", explicou.

[SAIBAMAIS3]"O sentido de qualquer tipo de orgulho foi quebrado pelo apartheid, mas agora estamos recuperando nossa herança", acrescentou.
Veteranos da luta antiapartheid participaram de uma cerimônia durante a qual foi colocada uma coroa de flores na base de uma estátua de cinco metros de um sorridente Madiba, o nome do clã pelo qual os sul-africanos chamam carinhosamente o filho favorito de sua nação.

 Já Graça Machel, viúva do prêmio Nobel da Paz, tomou a palavra, vestida de preto e com uma estola dourada no ombro.
"Eu sei que Madiba está bem acompanhado (...) este pensamento me apoiou ao longo de todo este ano", disse na sede do governo, para onde se dirigiu após a cerimônia.

 "Tive o privilégio singular de ser o ombro no qual se apoiou no crepúsculo de sua vida, e serei eternamente grata por ter me escolhido", disse Graça Machel.
Na ausência do presidente Jacob Zuma, que atualmente visita Pequim, a cerimônia foi realizada no Freedom Park de Pretória, um memorial construído recentemente com pedras provenientes de diferentes locais da África do Sul onde os mártires da liberdade morreram.

 Durante o serviço religioso, os sinos tocaram durante três minutos e sete segundos, seguidos por três minutos de silêncio, uma homenagem de seis minutos e sete segundos dedicada aos 67 anos de compromisso político de Mandela.

 O arcebispo emérito Desmond Tutu, também premiado com o Nobel da Paz, pediu que os sul-africanos sigam o exemplo de Mandela em um comunicado destinado a lembrar o aniversário de sua morte.

 "Nossa obrigação com Madiba é continuar construindo a sociedade que ele queria, seguir seu exemplo", afirmou Tutu.
"Uma sociedade baseada nos direitos humanos, na qual todos possam compartilhar a grande abundância que Deus concedeu ao nosso país, na qual todos possamos viver com dignidade, juntos. Uma sociedade com um amanhã melhor para todos", acrescentou Tutu.

 O vice-presidente Cyril Ramaphosa dirigiu os três minutos de silêncio, que foram seguidos por um amistoso de críquete, chamado Copa Legado Mandela.
Durante o fim de semana, artistas e atores participarão de uma homenagem na Fundação Nelson Mandela, que lançou uma exposição em homenagem ao ex-presidente.

 O famoso líder sul-africano faleceu em 2013 aos 95 anos depois de uma longa doença.
Nascido em 1918 e falecido em 5 de dezembro de 2013 em Johannesburgo, Mandela foi o primeiro presidente negro de seu país e artífice da reconciliação racial após três séculos de dominação branca. Os restos de Madiba, presidente de 1994 a 1999, descansam em Qunu, o povoado onde cresceu, no sul do país.

AFP

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