Tunisianos votam em eleições cruciais para o país
A campanha eleitoral foi morna, com muitos tunisianos desapontados com as batalhas políticas que atrasaram a votação, prevista para outubro de 2012Os tunisianos votaram neste domingo, 26, para eleger sua primeira "Assembleia de Representantes do Povo" desde a revolução, uma eleição crucial para a transição democrática no país e sob forte esquema devido a ameaça jihadista. Os resultados desta eleição, que transcorreu sob fortes medidas de segurança para evitar atentados jihadistas, será anunciado na segunda-feira, 27.
Cerca de 80 mil policiais e militares foram mobilizados para essas eleições. A participação, segundo fontes eleitorais, chegou a 50,6%, duas horas antes do fechamento das zonas eleitorais. Os observadores temem uma grande abstenção, dado que muitos tunisianos têm se mostrado desapontados com a política.
Cerca de 5,3 milhões de eleitores deveriam comparecer às urnas em 33 zonas eleitorais para eleger 217 deputados por representação proporcional. Os tunisianos no exterior votaram na sexta-feira, 24, em seus respectivos países.
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AssineEm outubro de 2011, a eleição da assembleia constituinte, vencida pelos islamitas do Ennahda, foi a primeira consulta livre da história do país, mas as legislativas deste domingo são fundamentais porque podem permitir à Tunísia de se dotar de instituições sólidas, quatro anos após a contestação que deu origem à Primavera Árabe.
O primeiro-ministro, Mehdi Jomaa, elogiou um "dia histórico". "Todos os projetores foram lançados sobre nós e o sucesso desta operação é uma garantia para o futuro (...), uma luz de esperança para os jovens da região", declarou, enquanto a maior parte dos países que viveram a Primavera Árabe estão mergulhado no caos ou repressão.
De acordo com analistas, dois partidos são favoritos: o islamita Ennahda, no poder de 2012 até o início de 2014, e seus principais opositores do Nidaa Tounes. O presidente de Nidaa Tounes e candidato à presidência Béji Caïd Essebsi, de 87 anos, realizou seu dever de cidadão lançando um "Viva a Tunísia", enquanto que o líder do Ennahda, Rached Ghannouchi, comemorou o fato "de os tunisianos serem muito apegados à democracia".
Campanha morna
A campanha eleitoral foi morna, com muitos tunisianos desapontados com as batalhas políticas que atrasaram a votação, prevista originalmente para outubro de 2012. Os partidos se concentraram em dois grandes temas: a segurança, num momento em que o país tem testemunhado o surgimento de grupos jihadistas responsáveis por ataques que mataram dezenas de membros das forças de segurança, e a economia, que permanece anêmica e ferida pelo desemprego e a miséria.
O Isie indicou que provavelmente não seria capaz de anunciar os resultados na noite de domingo, 26. Ele tem até o dia 30 de outubro para informar a composição do novo Parlamento. Os partidos podem, todavia, publicar os resultados de sua contagem de votos.
O sistema de votação proporcional favorece as pequenas formações, e as principais forças políticas já salientaram que nenhum partido será capaz de governar sozinho. Outra incógnita é sobre a participação da população. Muitos tunisianos se dizem desiludidos pelos políticos que atrasaram em dois anos as eleições.
O Ennahda, que teve de deixar o cargo no início de 2014 depois de um 2013 marcado por uma crise política, o assassinato de dois de seus adversários e ataques jihadistas, assegura querer formar um gabinete de consenso, dizendo estar pronto para uma aliança de conveniência com Nidaa Tounes.
Por sua vez, o maior partido laico, que fez campanha como alternativa única ao Ennahda, também planeja em caso de vitória foram uma coligação e não fecha completamente a porta à colaboração com os islâmicos.
AFP
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