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Opinião: Conferência para refugiados da Síria sem consequências

13:37 | Out. 29, 2014
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Objetivo da reunião não era obter recursos. Ainda assim, há pelos menos dez motivos para afirmar que ela valeu a pena, opina Dagmar Engel, chefe da sucursal de Berlim. Fora da região em torno da Síria, a grande catástrofe dos refugiados quase havia caído no esquecimento. A luta armada contra as milícias terroristas do "Estado Islâmico" relega a segundo plano todas as demais notícias da região. Na conferência em Berlim, ficou reconhecido claramente que não apenas a situação dos refugiados é desesperadora: também os países que os acolhem precisam de apoio urgente. Poucas vezes se escutou de forma tão concentrada e veemente o grito de socorro dos vizinhos da Síria. Os ministros do Exterior do Líbano e da Jordânia indicaram insistentemente quão dramática é a situação em seus países. É impressionante notar com que altruísmo justamente essas duas pequenas nações ajudam seus vizinhos em apuros. Ao mesmo tempo, isso é uma vergonha para grande parte da comunidade internacional. Essa situação eleva a disposição de outros países de se engajar mais pelo respaldo aos países que recebem os refugiados, e pelas comunidades que os abrigam. Isso poderá até mesmo resultar em que a infraestrutura e prosperidade se desenvolvam mais nas cidades e lugarejos que oferecem um lar aos refugiados do que em outras localidades da região. Os refugiados sírios não serão mandados de volta enquanto reinar a guerra. Já há um bom tempo o governo libanês defende a repatriação para territórios da Síria onde os combates são menos acirrados. Nesta conferência, no entanto, não houve apoio para esses planos, nem mesmo da Jordânia. A Alemanha recebeu reconhecimento público por seu empenho. Até agora, o país forneceu asilo a 70 mil refugiados sírios, mais do que qualquer outro Estado da Europa. Esse reconhecimento público intensifica a pressão sobre os demais países da União Europeia. A discussão sobre contingentes de refugiados se reacende; talvez sejam finalmente liberadas as verbas para ajuda emergencial que já estavam disponíveis. Em termos de auxílio financeiro, a Alemanha também está à frente, tendo prometido 500 milhões de euros adicionais para os próximos três anos. Os investimentos irão para a infraestrutura, como hospitais ou abastecimento, e para a educação infantil. Tomara que esse exemplo faça escola. Os participantes não têm uma solução e o admitem. Os compromissos assumidos nesta conferência são, ao mesmo tempo, a admissão de que o derramamento de sangue na Síria continuará. Esse é um sinal de honestidade: luta-se por uma solução política, mas ela não está à vista.

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