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Europa preocupada após contágio de Ebola

Além de Teresa, outras três pessoas, que tiveram contato direto com a enfermeira, foram hospitalizadas desde a última segunda-feira, 6
13:32 | Out. 07, 2014
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Tipo Notícia

A infecção por Ebola de uma auxiliar de enfermagem na Espanha, primeiro caso de contágio fora da África, provoca nesta terça-feira, 7, temores de uma propagação do vírus e levou Bruxelas a pedir explicações ao governo espanhol.

A preocupação e a incredulidade reinavam após o anúncio do contágio - apesar de todas as medidas de segurança anunciadas - de uma técnica de enfermagem que tratou em um hospital de Madri de dois missionários infectados pelo Ebola na África e que faleceram ali.

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A auxiliar Teresa, de 44 anos, segundo a imprensa, foi transferida durante a noite de um hospital de Alcorcón, um subúrbio no sul de Madri, ao mesmo Hospital La Paz-Carlos III onde os religiosos estiveram internados.

Outras três pessoas foram hospitalizadas desde a última segunda-feira, 6: o marido da infectada, que por sua proximidade apresentava um alto risco de contágio; uma enfermeira do La Paz, que não teve febre, apenas diarreia, e um engenheiro espanhol que trabalhava na Nigéria.

Enquanto isso, as autoridades se esforçavam para localizar as pessoas que mantiveram contato com a mulher e colocaram 52 pessoas sob vigilância.

"Não podemos colocar uma venda nos olhos, há uma pessoa com Ebola que esteve em contato com outras pessoas", declarou Fernando Simón, coordenador do centro de Alertas e Emergências do Ministério da Saúde à rádio privada Cadena Ser.

"A possibilidade de contágio existe, é baixa, mas existe", disse. A mulher, casada e sem filhos e que estava de férias, havia comunicado no dia 30 de setembro ao seu centro que se sentia mal, mas não foi hospitalizada até domingo.

"Houve evidentemente um problema em algum momento", considerou Frederic Vincent, porta-voz da Comissão Europeia, que pediu ao ministério da Saúde espanhol que esclareça o ocorrido.

Apesar deste caso, não há inquietação em Bruxelas, afirmou, garantindo que a propagação do vírus "na Europa continua sendo uma hipótese altamente improvável".

A auxiliar de enfermagem espanhola, que havia se apresentado como voluntária para tratar o segundo dos missionários, repatriado com Ebola de Serra Leoa no dia 22 de setembro e falecido três dias depois, fez tudo o que disseram a ela, explicou seu marido, contactado pelo jornal El Mundo.

Na opinião do sindicato de enfermeiros espanhóis, as medidas de segurança foram ineficazes durante a hospitalização dos missionários.

"Houve algumas falhas que denunciamos com o primeiro caso", explicou à AFP Charly Manuel Torres, porta-voz do sindicato CSIF. "Uma das falhas que foi vista é que continua sem ministrar cursos, sem passar o protocolo de atuação às pessoas novas", acrescentou.

Com seus uniformes de trabalho brancos ou verdes, grupos de profissionais se manifestaram em frente aos hospitais de La Paz, Carlos III e Alcorcón. "Ana Mato, renúncia!", gritavam em referência à ministra da Saúde.

Esforçando-se para enviar uma mensagem tranquilizadora, as autoridades criaram uma comissão de acompanhamento e abriram uma linha de telefone e um e-mail para esclarecer as dúvidas da população.

Segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS), a febre hemorrágica do Ebola deixou 3.439 mortos na África ocidental de 7.478 casos registrados em cinco países: Serra Leoa, Guiné, Libéria, Nigéria e Senegal.

Também foi registrado um pequeno surto na República Democrática do Congo e na segunda-feira apareceu uma doença aparentada, a febre Marburg, em Uganda, com um morto e oito casos suspeitos.
A esses números soma-se um caso nos Estados Unidos, descoberto na semana passada, quatro dias depois que o doente, primeiro diagnosticado fora da África, chegou procedente da Libéria.

O presidente americano, Barack Obama, ressaltou na segunda-feira que os riscos de epidemia de Ebola nos Estados Unidos são muito fracos, garantindo que a qualidade do sistema de saúde é capaz de controlar sua propagação.

Considerou, no entanto, que diante do avanço da epidemia na África Ocidental a resposta da comunidade internacional está sendo insuficiente e anunciou que pressionará seus colegas para que se envolvam mais nesta luta.

A União Africana (UA) já havia exigido antes mais meios contra o vírus. Os países africanos mais afetados por esta epidemia de febre hemorrágica "não têm equipes de saúde suficienes e uma parte sucumbiu à doença", declarou a presidente sul-africana da Comissão da UA, Nkosazana Dlamini-Zuma.

 

AFP

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