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Opinião: Política comum antidrogas é desafio para OEA

11:04 | Set. 20, 2014
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Uma política antidrogas comum do Alasca à Terra do Fogo continua uma utopia. Apesar de ser um consenso mínimo, resolução aprovada pela Organização dos Estados Americanos (OEA) é um avanço, opina articulista Uta Thofern. "Falar a uma só voz", essa é a meta dos 34 países-membros da Organização dos Estados Americanos (OEA) até a Assembleia Geral da ONU de 2016. E, de forma resumida, esse foi o resultado da reunião extraordinária da OEA sobre política de combate às drogas. Nos próximos 12 meses, os países-membros da OEA deverão "analisar" a sua política, para que na próxima reunião extraordinária, daqui a um ano, seja elaborada uma proposta para ONU. O que soa como a criação de um grupo de trabalho é, no entanto, um passo à frente, porque nenhum dos Estados-membros se afastou desse objetivo comum. E isso apesar de a discussão convergir claramente para uma estratégia completamente diferente na luta contra a dependência e a criminalidade associada às drogas. Prevenção em vez de criminalização; combater o vício nos países receptores com ofertas de ajuda em vez de punir os plantadores de coca na Bolívia; criar um "mercado" regulamentado ao menos para a maconha, secando assim uma fonte para os negócios bilionários e assassinos dos cartéis de drogas esses são apenas alguns dos exemplos do debate. Tal política seria uma inversão total da atual e dura estratégia de guerra defendida principalmente pelos Estados Unidos , travada também militarmente contra as drogas. Mas depois de décadas de luta está claro: os êxitos ficaram de fora, e as consequências são arcadas principalmente pelos países latino-americanos. Os cartéis de drogas geram seus lucros principalmente com a venda para os países consumidores do norte, especialmente os Estados Unidos. A maioria das mortes provocada pela guerra contra os cartéis é registrada nos países de trânsito da América Central, enquanto para os elos mais fracos na cadeia comercial os agricultores em muitos países latino-americanos ainda não são oferecidas alternativas suficientes. Dessa forma, cada vez mais países latino-americanos mudam de posição. Já no ano passado, o Uruguai anunciou a criação de um mercado legal para a maconha. O México já não pune mais a posse de pequenas quantidades de drogas e até Juan Manuel Santos presidente colombiano anteriormente responsável por operações militares contra produtores de drogas na esteira do Plano Colômbia, criado pelos Estados Unidos defende agora outras abordagens na política de combate às drogas. Apesar dessas semelhanças superficiais, os países latino-americanos, no entanto, ainda estão longe de concordar em todos os pontos. A situação em cada país tem grandes diferenças. Mesmo assim, a mensagem da reunião da OEA é clara: o consenso é tão grande que os EUA não podem mais rejeitar abertamente outra estratégia de combate às drogas. Depois de os estados americanos Colorado e Washington terem legalizado a maconha, a linha-dura passou, de qualquer forma, a não ter mais credibilidade. No entanto, se a política americana tiver realmente reconhecido que uma cooperação com a América Latina deve ocorrer de igual para igual, então isso seria um verdadeiro sucesso.

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