Especialista descarta grandes ataques do EI no Ocidente
Mas atentados localizados, como o do museu judaico em Bruxelas, não são descartados. "Estado Islâmico" deve substituir Al Qaeda como grupo terrorista mais perigoso.
"O objetivo é claro", declarou o presidente dos EUA, Barack Obama, em sua visita à Estônia nesta quarta-feira (03/09). "Enfraquecer e destruir o Estado Islâmico, para que ele deixe de representar perigo", complementou o líder americano. O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, escolheu palavras ainda mais drásticas. Ele afirmou que os Estados Unidos perseguirão os assassinos dos dois jornalistas norte-americanos "até os portões do inferno".
Os americanos temem que os combatentes do "Estado Islâmico" (EI) originários da Europa e dos EUA possam, com seus passaportes ocidentais, retornar facilmente a seus países de origem e realizar neles ataques terroristas. "Sabemos que, nos últimos três anos, mais de 12 mil combatentes estrangeiros viajaram para a Síria", disse o especialista Matthew G. Olsen, do Centro Nacional de Contraterrorismo dos EUA. Entre eles estariam mais de cem americanos e cerca de mil europeus.
Propaganda eficaz
"Nenhum grupo dissemina sua propaganda de forma tão eficaz", ressaltou Olsen. Os islamistas alcançam muitos potenciais combatentes no Ocidente através das mídias sociais. "Eles são muito bons em atingir o público-alvo jovem", avaliou o psicólogo John Horgan, da Universidade de Massachusetts, num artigo no jornal The New York Times. Os islamistas atraem com mensagens como "seja parte de algo maior que você mesmo e faça-o agora".
Olsen avalia que o EI logo pode se tornar a organização terrorista mais perigosa do mundo. O autoproclamado "Estado Islâmico" tornaria-se, assim, uma ameaça ainda maior que a Al Qaeda, a rede terrorista responsável pelos ataques em Nova York e Washington em 11 de setembro de 2001. Financeiramente, o EI também está bem acobertado. Atualmente, o grupo arrecada mais de 1 milhão de dólares por dia, por exemplo com o resgate de reféns.
Sem evidências
No entanto, em comparação com a Al Qaeda, os combatentes do EI adotam uma tática diferente: eles preferem muitos ataques pequenos a poucos ataques grandes. Olsen cita como exemplo o atentado contra um museu judaico em Bruxelas, em maio deste ano. Os combatentes também evitam ao máximo utilizar comunicação eletrônica, o que dificulta seu controle.
Mesmo assim, Olsen não vê no momento um grande perigo para o Ocidente. "O EI não é comparável à Al Qaeda antes do 11 de Setembro", afirmou. O especialista ressaltou ainda que as agências de inteligência dos EUA também são hoje muito mais sensíveis à questão do terrorismo e trocam mais informações. Por isso, não há evidências de células terroristas nos Estados Unidos ou na Europa.
Segundo Olsen, a luta contra o EI ainda é uma tarefa de longo prazo e que deve ser combatida também politicamente. Ele afirma que seria importante, por exemplo, que, no lugar do regime de Assad, seja formado um governo de unidade nacional na Síria. Só assim, os Estados Unidos poderão enfraquecer e destruir o EI, conforme anunciado por Obama.
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