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Egito admite impacto negativo de prisão de jornalistas

20:30 | Jul. 06, 2014
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O presidente do Egito, Abdel-Fattah el-Sissi, reconheceu pela primeira vez que as sentenças aplicadas a três jornalistas da TV Al-Jazeera tiveram um impacto "muito negativo" na reputação do país. Ele afirmou também que desejava que os jornalistas nunca tivessem sido julgados.

Os comentários de el-Sissi aos editores de veículos de mídia egípcios foram publicados neste domingo. As declarações marcaram o primeiro reconhecimento público de autoridades do país de que o caso tem afetado as relações do Egito com a comunidade internacional.

A sentença dos três jornalistas no dia 23 de junho, após um julgamento de cinco meses descrito como uma "farsa" por grupos de direitos humanos, desencadeou um clamor internacional.

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, classificou as sentenças de "assustadoras e draconianas" e exortou as autoridades egípcias a responderem às preocupações internacionais. Um dia depois de as sentenças terem sido anunciadas e a onda de condenação internacional que se seguiu, el-Sissi pareceu estar rejeitando a pressão, dizendo em comentários televisionados que não irá interferir em decisões judiciais.

Em suas declarações publicadas neste domingo, ele disse que o caso representava um dos desafios de política externa enfrentados pelo Egito, mas não disse se ele pediria clemência. Ele pareceu estar refutando alegações de que o caso seja motivado politicamente e um reflexo da tensão entre o Egito e Qatar, o estado do Golfo que é dono da rede de televisão. O Qatar foi um defensor do deposto presidente islamita Mohammed Mursi e seu grupo Irmandade Muçulmana. Após a queda de Morsi no ano passado, muitos dos líderes do grupo mudaram-se para o Qatar para evitar uma intensa repressão do governo que levou milhares para a prisão.

"O veredicto emitido contra os jornalistas gerou consequências muito negativas; e nós não temos nada a ver com isso", afirmou el-Sissi, sugerindo que era uma questão totalmente da Justiça. "Eu gostaria que os jornalistas tivesse sido deportados imediatamente após a prisão deles ao invés de terem sido julgados. Os comentários foram publicados na versão online do jornal Al-Masry Al-Youm.

Os três jornalistas da Al-Jazeera são o australiano premiado Peter Greste, o egípcio-canadense Mohammed Fahmy e o produtor egípcio Baher Mohammed. Eles foram presos no dia 29 de dezembro e acusados de ajudar a Irmandade Muçulmana, fornecendo plataforma de mídia e equipamento. Os egípcios foram acusados também de pertencer à Irmandade, grupo considerado pelo governo com uma organização terrorista. Greste e Fahmy receberam, cada um, pena de sete anos de prisão, enquanto Mohammend foi condenado a 10 anos de prisão. Três outros jornalistas estrangeiros foram condenados a 10 anos à revelia.

Os acusados podem apelar das sentenças, em um processo que pode levar meses. A constituição do Egito permite que o presidente emita clemência, mas especialistas argumentam que o processo de apelação precisa ser concluído primeiro. Fonte: Associated Press.

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