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Juncker diz que Europa "não se deve deixar chantagear"

13:16 | Jun. 01, 2014
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Após revelação de que Reino Unido poderá antecipar referendo sobre sua saída da UE caso Juncker seja eleito presidente da Comissão Europeia, político luxemburguês diz que bloco não deve se deixar pressionar por minoria. O ex-primeiro-ministro de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, declarou estar seguro de que será eleito novo presidente da Comissão Europeia em meados de julho. "Uma larga maioria de chefes de Estado democrata-cristãos e socialistas me apoia no Conselho Europeu", afirmou Juncker em entrevista à edição do jornal Bild deste domingo (1°/06). Juncker disse ainda que essa decisão não deve ser influenciada por uma minoria. "A Europa não deve permitir ser chantageada", disse o político luxemburguês, acrescentando que, nas próximas três ou quatro semanas, os demais chefes de governo devem ser atraídos para seu lado. A declaração de Juncker vem a público um dia após a revista alemã Spiegel ter anunciado que, durante a cúpula extraordinária da União Europeia (UE), na última terça feira, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, teria feito pressão sobre diversos chefes de governo, entre eles, a chanceler federal alemã, Angela Merkel. Cameron afirmou que não poderia mais garantir a permanência do Reino Unido na UE caso os chefes de Estado e de governo do bloco europeu elejam Juncker por maioria. A Spiegel afirmou ainda que a própria Angela Merkel teria, a princípio, se colocado ao lado dos opositores de Juncker, evitando assim uma rápida aprovação do nome de Juncker para a chefia da Comissão Europeia. De acordo com participantes da cúpula na semana passada em Bruxelas, Cameron deixou claro nos bastidores que a eventual escolha de Juncker poderia vir a desestabilizar seu governo de tal forma que um referendo sobre a saída do Reino Unido da UE teria de ser antecipado. A consulta popular, ressaltou o premiê britânico, muito provavelmente resultaria em um "não" dos britânicos à permanência do país no bloco europeu. Dúvidas sobre novo presidente Além de Cameron, os chefes de governo da Hungria, Suécia e Holanda também são contra a nomeação de Jean-Claude Juncker como presidente da Comissão Europeia embora ele tenha sido o candidato do conservador Partido Popular Europeu (PPE), que obteve o melhor resultado nas eleições europeias da semana passada. O Bild informou ainda que o presidente francês, François Hollande, também tentou impedir a nomeação de Juncker para a presidência da comissão. Segundo o jornal, Hollande teria dito à Merkel que, após o êxito eleitoral dos radicais de direita da Frente Nacional na França, ele estaria precisando urgentemente de um sinal positivo para seu governo e de um francês no comando da Comissão Europeia. O jornal afirmou que Hollande teria cogitado a indicação do nome do ex-ministro francês das Finanças Pierre Moscovici para o cargo. Entre os socialistas, além de Hollande também o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, questionou uma nomeação rápida de Juncker para a chefia da comissão. Neste domingo, em Trento, Renzi disse que Juncker é 'um' nome para a Comissão, mas não 'o' nome. O premiê italiano ressaltou que o ex-presidente do Eurogrupo não é o único candidato e não teria, automaticamente, direito ao cargo mais importante da União Europeia. Apoio a Juncker A bancada socialista no Parlamento Europeu à qual pertence também o partido de Matteo Renzi posicionou-se claramente a favor do nome de Jean-Claude Juncker para a presidência da Comissão Europeia. Na última sexta-feira, Angela Merkel também se pronunciou, pela primeira vez, abertamente em prol de Juncker depois de ter evitado uma definição durante o encontro de cúpula da UE na semana passada, quando disse que tudo "é possível". Tais reservas de Merkel provocaram críticas por outros partidos e também na mídia alemã. Políticos conservadores do partido da chanceler federal justificaram o posicionamento cuidadoso da chefe de governo da Alemanha pela necessidade da inclusão de "países hesitantes" como o Reino Unido. O novo presidente da Comissão Europeia deve ser nomeado pelos chefes de Estado e governo dos 28 países-membros da UE. Nesse processo, eles deverão levar em consideração os resultados das eleições europeias de 25 de maio último, nas quais o PPE obteve o melhor resultado. O candidato seja ele Juncker ou não terá ainda de conseguir a aprovação da maioria do Parlamento Europeu. CA/afp/dpa/rtr

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