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Criação de União Econômica Eurasiática aumenta tensão entre UE e Rússia

08:29 | Jun. 01, 2014
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Em reação a bloco formado por Rússia, Cazaquistão e Belarus, União Europeia reforça interesse na entrada da Ucrânia, Geórgia e Moldávia no bloco. Observadores questionam pressa na admissão de ex-repúblicas soviéticas. A União Europeia e a Rússia estão em plena competição. Enquanto o presidente russo, Vladimir Putin, acaba de criar uma união econômica com o Cazaquistão e Belarus, o comissário de Expansão da União Europeia (UE), Stefan Füle, defende abertamente a entrada da Ucrânia, da Geórgia e da República da Moldávia na União Europeia. Em entrevista ao jornal alemão Die Welt, Füle declarou: "Se quisermos levar a sério a transformação dos países do Leste Europeu, então também devemos usar seriamente o instrumento mais importante de que dispomos para a reorganização: a expansão." Não se trata, porém, de uma admissão rápida, ou mesmo imediata, mas sim de uma perspectiva a longo prazo. Mesmo assim, a declaração de Füle funciona como um posicionamento frente à Rússia num momento em que Putin dá como certa a expansão da UE e, ao mesmo tempo, amplia a área de influência de Moscou. Isso leva à pergunta: Este seria o momento adequado para trazer à tona a admissão de antigas repúblicas soviéticas na UE? Afirmações "pouco úteis" Sim e não, avalia o especialista em Leste Europeu Hans-Henning Schröder. Para a Ucrânia, diz ele, a perspectiva de entrar na União Europeia pode ter um efeito estabilizador em termos de política interna. Mas o caminho para a normalização, após a mudança política em fevereiro, não pode funcionar sem levar a Rússia em consideração, particularmente porque a Ucrânia está economicamente interligada a Moscou. "Nesse contexto, a oferta de uma integração de longo prazo com a UE não é útil", afirmou Schröder em conversa com a Deutsche Welle. O eurodeputado conservador Elmar Brok é da mesma opinião, mas por outro motivo. Segundo Brok, Füle tem razão ao dizer que a expansão da União Europeia é um dos instrumentos políticos de maior êxito para garantir a paz. "No entanto, uma expansão só pode ir até onde a coesão esteja garantida", ressalta Brok, presidente da Comissão para Relações Exteriores do Parlamento Europeu. Ele diz ainda ver tal coesão ameaçada com o rápido crescimento do número de Estados-membros da EU. Brok também não exclui a possibilidade de que possa haver, um dia, a adesão dos três Estados à UE. Ele adverte, porém, que este não seria o momento de colocar tal possibilidade em vista. Não por causa da Rússia, mas sim devido aos próprios Estados: dessa forma seriam levantadas falsas esperanças, afirma. Primeiramente, devem ser fechados acordos de associação para, num segundo momento, ocorrer a admissão no espaço econômico europeu. Na última quinta-feira (29/05), durante a entrega do Prêmio Carlos Magno ao presidente do Conselho da União Europeia, Herman Van Rompuy, Ucrânia, Geórgia e República da Moldávia expressaram o desejo de uma maior proximidade com a UE. Isso foi enfatizado principalmente pelo primeiro-ministro da Moldávia, Iurie Leanca. Para seu país, a integração ao bloco europeu é uma questão essencial, disse Leanca. Também o chefe de governo ucraniano, Arseniy Yatsenyuk, manifestou interesse em uma relação mais profunda com a UE, tendo elogiado, sobretudo, o fato de que nessa Europa as fronteiras não precisam ser modificadas. Projeto geopolítico O especialista em Leste Europeu Schröder acredita que a atual liderança na Rússia enxerga afirmações como as de Füle como uma ameaça, terminando por instrumentalizá-las. De qualquer forma, Putin não tem nenhum motivo para mudar sua estratégia já que ela lhe garantiu êxito interno. "Principalmente a anexação da Crimeia trouxe à atual liderança um ganho enorme de popularidade entre a própria população." E, assim, Putin vai reforçando sua influência na região. Isso inclui também a União Econômica Eurasiática que Rússia, Cazaquistão e Belarus acabam de formar. "Existe toda uma rede de organizações com as quais a Rússia tenta organizar o espaço pós-soviético, para que Moscou também possa exercer ali grande influência institucional", afirmou Schröder A Ucrânia ainda continua sendo uma terra incógnita. "As tentativas de incluir Yanukovytch (ex-presidente deposto da Ucrânia) na união alfandegária mesmo com ofertas financeiras relativamente generosas tinham como objetivo garantir essa esfera de interesse." A União Econômica Eurasiática é "naturalmente um projeto geopolítico". Afinal, com o bloco europeu, a Rússia perfaz metade de seu comércio exterior. Com Cazaquistão e Belarus, somente 7%, explicou o especialista.

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