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Opinião: Ucranianos são os vencedores da eleição presidencial

13:56 | Mai. 27, 2014
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Vitória de Petro Poroshenko já no primeiro turno mostra que, apesar da crise, cidadãos foram às urnas como uma nação unida. Sua maior missão como chefe fe Estado será abrir diálogo com Moscou, opina Ingo Mannteufel. Já era esperado que o "magnata do chocolate" Petro Peroshenko saísse vencedor das eleições presidenciais ucranianas. Nas últimas semanas, todas as pesquisas de opinião apontavam para a sua vitória. Mas que ele viesse a obter a maioria absoluta já no primeiro turno é uma grande surpresa. Junto a uma participação eleitoral aparentemente sólida, os cidadãos na Ucrânia enviam um sinal claro através da escolha incontestável do rico empresário e político de longa data: após meses de crise política, da anexação da Crimeia pela Rússia e da ameaça por separatistas pró-russos na região de Donetsk e Lugansk, os ucranianos se apresentam como uma nação unida. E, assim, escolhem um político de centro com convicções pró-europeias como novo chefe de Estado legítimo. A opção clara dos ucranianos por Poroshenko no primeiro turno esclarece jurídica e politicamente a situação na Ucrânia após a queda do presidente Viktor Yanukovytch. Ainda que muitos cidadãos ucranianos na região de Donetsk e Lugansk não tenham podido participar das eleições, porque ali o pleito foi impedido à força pelos separatistas pró-russos. Também a população da Crimeia não pôde votar, já que a península é controlada agora por Moscou. No entanto, em todas as outras partes da Ucrânia, as eleições transcorreram de forma calma e ordeira. Com o resultado claro nas eleições livres e democráticas, fracassaram as tentativas dos separatistas pró-russos e do Kremlin em Moscou de desestabilizar ainda mais a situação política e impedir a realização das eleições presidenciais na Ucrânia. E ainda mais: a opção clara dos ucranianos por Petro Poroshenko cala, definitivamente, todos aqueles na Rússia e também na Europa que acreditam no conto fantástico de propaganda russo sobre uma "tomada de poder fascista" na Ucrânia. Pois, certamente, Petro Peroshenko não é um político radical. Com certeza, será difícil para Moscou demonizar Poroshenko como "facista antirrusso", levando em conta que quase todos os russos conhecem os chocolates produzidos pela Roshen, a empresa de Poroshenko. Já há anos, uma boa parte das vendas da empresa de doces e chocolates é efetuada na Rússia. A maior tarefa de Poroshenko será o estabelecimento de um diálogo com a Rússia. Não se trata apenas de fazer com que Moscou desista do apoio à ação dos separatistas pró-russos em Donetsk e Lugansk. Trata-se antes de se conseguir um acordo com a Rússia com vista ao fornecimento de gás. Pois somente se esta questão central for regulamentada nos próximos dias e semanas, Poroshenko pode se preparar para o combate à crise econômica e social na Ucrânia. Portanto, muito vai depender da reação de Moscou. O presidente russo, Vladimir Putin, deve não somente respeitar a escolha dos ucranianos, como ele anunciou, mas também reconhecer Poroshenko como vencedor e manter conversas formais com a nova liderança ucraniana. Com a eleição de Poroshenko, os ucranianos demonstraram claramente que, após os levantes das últimas semanas, estão unidos como nação e que, ao mesmo tempo, não querem soluções radicais.

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