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Militantes pró-Rússia tomam departamentos da polícia no leste da Ucrânia

15:40 | Abr. 12, 2014
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Manifestantes tomam departamentos de polícia das cidades de Donetsk e Slavyansk, roubam armas e falam em referendo. Enquanto isso, Kiev suspende pagamento de dívida com russa Gazprom,. Militantes pró-Rússia tomaram neste sábado (12/04) os departamentos de polícia de duas cidades do leste da Ucrânia, Donetsk e Slavyansk, além da sede do serviço de inteligência desta última. Pelo menos 20 homens armados invadiram os prédios públicos, roubaram armas e substituíram bandeiras ucranianas por russas, segundo a polícia. O ministro ucraniano do Interior, Arssen Avakov, afirmou, por meio de nota, que o alvo do ataque eram as armas do departamento de polícia. Os saqueadores teriam levado pelo menos 40 rifles automáticos e 400 pistolas, além de munição. Avakov prometeu uma "dura resposta" aos militantes. Em Slavyansk, o prefeito revelou que os invasores do departamento de polícia querem a realização de um referendo pela autonomia da região e uma posterior anexação à Rússia. De acordo com as autoridades, os militantes vêm de Donetsk, onde os separatistas tomaram a sede do governo regional há quase uma semana. Segundo testemunhas, em Donestk os militantes usavam uniformes da desativada tropa de choque ucraniana, a Berkut, responsável pela repressão a manifestantes em Kiev na onda de protestos que levou à queda do então presidente Viktor Yanukovitch. Desde que a península da Crimeia passou a ser território russo, diversas manifestações pró-Moscou tiveram início em regiões no leste da Ucrânia, onde se concentra a maior parte da população de origem russa. O lado oriental do país formava a base de apoio a Yanukovitch, alinhado com Moscou. Proteção à população russa como pretexto Ainda não se sabe exatamente qual estratégia será usada pelas forças de segurança da Ucrânia para conter os militantes, especialmente depois de o chefe de polícia de Donetsk ter deixado o cargo, seguindo as "exigências" dos manifestantes. A pedido do presidente em exercício Oleksander Turchinov, o Conselho Nacional de Segurança da Ucrânia reúne-se na noite de sábado para discutir a situação no leste do país. As ocupações têm um grande potencial de gerar um problema ainda maior porque, caso militantes sejam feridos ou mesmo mortos por ações policiais, o Kremlin poderá usar a violência para supostamente proteger a população russa na região, num encadeamento semelhante ao ocorrido na Crimeia. Moscou nega a intenção de enviar tropas ao leste da Ucrânia, ou mesmo de dividir o país, mas autoridades em Kiev acreditam que o presidente russo, Vladimir Putin, pode repetir a ação que acabou levando o país a anexar a península localizada no Mar Negro. A Otan afirma que 40 mil soldados russos estão se dirigindo para a fronteira com a Ucrânia, enquanto Moscou afirma que eles realizam manobras normais. Neste sábado, o ministro ucraniano do Exterior, Andrii Deshchytsia, exigiu a seu homólogo russo, Serguei Lavrov, que a Rússia acabe com as "provocações" no leste do país. "Guerra do gás" As ocupações deste sábado aumentam a tensão na região e aprofundam o impasse entre os governos em Kiev e Moscou. Outra fonte de atrito é o gás natural fornecido pela Rússia. Há poucos dias, o presidente Putin ameaçou cortar o abastecimento para a Ucrânia e sugeriu que a Europa Ocidental também poderá ser afetada. Kiev chegou a falar em uma "guerra do gás". Neste sábado, a companhia de energia da Ucrânia, Naftogaz, suspendeu o pagamento das dívidas do país com a companhia estatal russa Gazprom. O pagamento ficará suspenso até que as negociações sobre o aumento do preço do combustível sejam retomadas, segundo Kiev. Há poucas semanas a Gazprom elevou de 268 dólares para 485 dólares o preço por mil metros cúbicos de gás, alegando tratar-se do fim de um desconto. MSB/ap/rtr/lusa

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