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Egito inicia referendo para aprovar nova Constituição

08:55 | Jan. 14, 2014
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População vai às urnas pela terceira vez desde 2011 para votar Carta Magna, num pleito considerado teste para a popularidade do governo. Críticos acusam texto de fortalecer militares e minar democracia. Começou nesta terça-feira (14/01) no Egito um referendo constitucional de dois dias, a primeira ida às urnas da população desde a derrubada do presidente Mohamed Morsi pelos militares, em julho do ano passado. O terceiro referendo constitucional desde a queda de Hosni Mubarak após um levante popular, em fevereiro de 2011, serve como teste para a popularidade do homem forte do país, o chefe das Forças Armadas, vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa, Abdel Fattah al-Sisi. Enquanto o governo de transição e a liderança militar pedem a aprovação do texto que descrevem como passo importante rumo à democracia no país do norte da África partidários do presidente deposto, oriundo da Irmandade Muçulmana e o primeiro líder a ter sido eleito democraticamente no país mais populoso do mundo árabe, convocaram um boicote à votação. Apesar disso, a previsão é que o documento seja aprovado por ampla maioria. O projeto é baseado na Constituição de dezembro de 2012, elaborada sob forte influência da Irmandade Muçulmana e promulgada por Morsi após referendo. O novo texto foi reformulado por funcionários do governo e figuras públicas. Passagens controversas de tendência islamista foram retiradas. Foram concedidos mais direitos aos cidadãos, mas também mais privilégios à polícia e ao Exército. "Profunda polarização" Os críticos acusam a nova versão de se prestar menos à construção de um Estado democrático e mais a fortalecer o poder das Forças Armadas e sua influência sobre a política. O texto foi negociado deixando as forças islâmicas praticamente de fora, afirmou Ronald Meinardus, diretor do escritório da Fundação Friedrich Naumann no Cairo, em entrevista de rádio. O especialista afirma que o projeto de Constituição reflete a profunda polarização existente no país. "Isso não é um bom presságio para o futuro político e para a estabilidade política", complementou. O referendo também é importante para reforçar a popularidade do chefe das Forças Armadas, Abdel Fattah al-Sisi. O vice-primeiro-ministro e ministro da Defesa anunciou no sábado que pretende disputar a eleição presidencial, prevista para este ano, "se o povo assim o desejar" e se ele receber o apoio das Forças Armadas. Caso o texto seja aprovado, um novo presidente e um novo Parlamento devem ser eleitos em abril. Bomba atinge tribunal Duas horas antes da abertura dos locais de votação, um explosivo foi detonado diante de um tribunal, na capital do país, danificando a fachada do prédio, mas sem provocar feridos, segundo as autoridades. Desde a queda de Morsi foi verificado um aumento de ataques a autoridades e forças de segurança. O governo acusa a Irmandade Muçulmana de estar por trás dos ataques. MD/afp/rtr/dpa

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