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Obama inicia segundo mandato com longa lista de tarefas pela frente

14:37 | Jan. 21, 2013
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Com o desemprego em alta, presidente será avaliado principalmente pela sua política econômica. A maior barreira continua sendo a mesma: uma Câmara dos Representantes dominada pelos republicanos. O presidente dos EUA, Barack Obama, inicia o segundo mandato com o apoio da maioria de seus compatriotas. Pesquisas de diversos institutos de opinião variam em alguns pontos percentuais, mas todas conferem um índice de aprovação superior a 50% ao presidente, embora algumas vezes de forma apertada. Mas as pesquisas mostram também um problema: o país permanece dividido. A grande maioria dos democratas aprova a política de Obama; a grande maioria dos republicanos a rejeita. Portanto, não houve alteração em dois elementos decisivos para o sucesso de Obama no seu segundo mandado. "Mesmo com grande aprovação e uma certa força garantida pela eleição, a atual configuração do Congresso é extremamente difícil e preocupa a Casa Branca da mesma forma que a atual situação financeira do Estado", afirma o professor Julian E. Zelizer, da Universidade de Princeton. O historiador disse esperar uma paralisação legislativa semelhante à do fim do primeiro mandato de Obama e descartou grandes projetos legislativos nos próximos anos. Teto da dívida, finanças públicas e postos de trabalho Nessa questão, os republicanos mostram-se, ao menos num ponto, um pouco mais dóceis que no primeiro mandato de Obama. Na Câmara dos Representantes, os deputados aceitaram elevar o teto máximo da dívida pública por três meses, evitando assim a inadimplência estatal no final de fevereiro. Obama disse que ele não queria voltar a debater o aumento do teto da dívida, como ocorreu em 2011 e que levou a um rebaixamento da nota de crédito do país. Mas há ainda uma tarefa anterior à consolidação das finanças públicas. "A economia será o elemento mais importante [para a avaliação] do segundo mandato de Obama", diz o economista Jacob. F. Kirkegaard, do Instituto Peterson de Economia Internacional. A taxa de desemprego caiu, mas isso só porque muitas pessoas desistiram de procurar ocupação e não são mais incluídas na força de trabalho, avalia Kirkegaard. Para o economista, o perigo é que o desemprego se torne um problema crônico, difícil de superar e que leve a uma redução do crescimento econômico. Não por acaso o Fed, o Banco Central dos EUA, declarou que irá continuar a imprimir dinheiro até que a taxa de desemprego caia abaixo dos 6,5%. Muito depende do Congresso Na luta contra o desemprego, Obama enfrenta um conhecido problema: ele depende de uma Câmara dos Representantes dominada pelos republicanos e de um Senado onde os republicanos detêm ao menos um poder de veto. Assim, o desafio de Obama será "alcançar no Congresso um acordo de longo prazo face à política fiscal", diz Kirkegaard. Em relação a um setor, no entanto, Kirkegaard se declara otimista: a política comercial. A Parceria Transpacífica (TPP, na sigla em inglês) com países como Austrália, Peru e Chile está a caminho, e o economista disse acreditar que um acordo comercial entre os EUA e a União Europeia será aprovado. No plano interno, ainda no final do seu primeiro mandato, Obama deu alguns passos adiante em relação à questão do endurecimento da lei de controle de armas: com 23 ordens executivas, que incluem, entre outros, o estudo das origens da violência armada. Não se sabe, porém, se tais exigências, que abrangem também a verificação dos antecedentes de todos os compradores de armas, serão implementadas. Zelizer diz duvidar que nesse ponto Obama "venha a ganhar terreno". Imigração e reforma do sistema de saúde As chances são melhores quanto à reforma da política de imigração, opina Zelizer, autor de vários livros sobre o sistema político norte-americano e seus presidentes. "Esta é a única área onde Obama pode conseguir algo importante, não devido à boa vontade dos republicanos, mas porque eles procuram desesperadamente não ser retratados como um partido contrário aos imigrantes." Em função da evolução demográfica, cada vez menos políticos conservadores podem se dar o luxo de dispensar votos das crescentes minorias. Além disso, mesmo dentro do Partido Republicano, o número de defensores da reforma da imigração aumenta cada vez mais. Com relação aos esforços da reforma da saúde, Zelizer avalia que o governo Obama vai se esforçar para "preservar o que já foi aprovado e garantir seu funcionamento", de modo que, no final do segundo mandato, ninguém venha com a ideia de reverter a reforma. Continuidade da política externa Na política externa não são aguardadas surpresas. O segundo mandato presidencial será marcado pela retirada dos militares norte-americanos do Afeganistão, por um conflito não resolvido no Oriente Médio e por uma política controversa que aposta principalmente em aviões não controlados como forma de combate ao terrorismo. Obama sinalizou continuidade com a nomeação de John Kerry como futuro secretário de Estado, do republicano Chuck Hagen como secretário de Defesa, e de John Brennan como futuro chefe da CIA. Segundo Zelizer, "Hagel é cético e cauteloso quanto ao emprego da violência, mas, por outro lado, ele é republicano 'por completo' e não se apavora diante do uso da violência armada." Kerry, um veterano do Vietnã, também se encaixa nesse conceito, como também Brennan, atual conselheiro de segurança interna e antiterrorista de Obama. A política externa de Obama atende aos desejos dos norte-americanos. De acordo com pesquisa encomendada pela Better World Campaign, organização que procura estreitar as relações entre os EUA e a ONU, a maioria dos entrevistados declarou que as principais questões que deveriam ocupar o presidente são a economia mundial e o comércio. Em segundo lugar está a preocupação de que o Irã ou a Coreia do Norte possam obter uma arma nuclear. Em seguida vêm os tumultos no Oriente Médio. Na quarta posição está o terrorismo. Também entre as prioridades: o fim da guerra no Afeganistão e a retirada das tropas. Assim, uma coisa é certa: Obama terá muito o que fazer em seu segundo mandato. Autora: Christina Bergmann, de Washington (ca) Revisão: Alexandre Schossler

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