Após incêndio destruir sucata "Chico Alves", causas são investigadas

Após incêndio destruir sucata "Chico Alves", causas são investigadas

Bombeiros atuam em ações de rescaldo, monitoramento de focos residuais e avaliação estrutural da edificação, que atuava há mais de 50 anos na Capital. Chamas tiveram início na noite dessa quarta-feira, 24

Um incêndio de grandes proporções atingiu a sucata Chico Alves, localizada na avenida Sargento Hermínio, no bairro Jacarecanga, em Fortaleza, na noite dessa quarta-feira, 24, véspera de Natal. A edificação comercial, construída na década de 70, foi tomada pelas chamas por volta das 23 horas. 

O Corpo de Bombeiros segue atuando no local para evitar novos focos de incêndio, após as chamas terem sido controladas na manhã desta quinta-feira, 25. As causas do incêndio estão sendo investigadas. Imóveis no entorno foram atingidos. A Defesa Civil de Fortaleza informou que vistorias serão realizadas nas edificações na manhã desta sexta-feira, 26.

Imagens da sucata em chamas tomaram as redes sociais em vídeos e fotos compartilhados por moradores na região e outros que avistaram a fumaça de bairros próximos, como Monte Castelo, José Bonifácio e Joaquim Távora. Por volta das 23h30min, viaturas do Corpo de Bombeiros do Ceará (CBMCE) foram mobilizadas e iniciaram atuação para controlar as chamas no local.

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De acordo com o coronel Marcos Sousa, a estratégia para conter as chamas foi atuar em três frentes distintas, sendo uma na avenida Sargento Hermínio, outra na avenida José Jatahy e outra na rua Dr. Pedro Herbster Menescal. “Às 6 da manhã já estava mais ou menos controlado. Agora, o trabalho é fazer o controle dessas chamas e fazer outras intervenções de forma que não retorne e chegue à extinção”, disse.

O POVO apurou com testemunhas no local que as chamas teriam começado após crianças soltarem fogos que teriam atingido um dos carros da sucata. A informação não foi confirmada pelos Bombeiros. A corporação informou que a causa para o início das chamas só será identificada após laudo da Perícia Forense do Ceará (Pefoce).

Na ocorrência, pelo menos quatro pessoas ficaram feridas, sendo dois bombeiros que não tiveram ferimentos graves e, em seguida, retornaram para a ocorrência do incêndio. Um adolescente e uma mulher também foram vítimas do incêndio, sendo o jovem logo liberado e a mulher, que apresentou mal súbito, encaminhada para Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que após a conclusão do laudo da Pefoce será possível indicar as causas do incêndio. "A Polícia Civil do Ceará (PCCE) irá apurar as circunstâncias do ocorrido", disse o órgão.

Incêndio mobilizou moradores 

Quem passava no entorno da sucata na virada para a noite de Natal se assustou com a altura das chamas que tomou o local em poucos minutos. Alguns pararam para entender o que estava acontecendo no local, mas também para auxiliar de alguma forma, seja repassando informações em tempo real pelas redes sociais e ajudando no trânsito no local.

Foi o caso do jornalista Eli Naftali que, em uma sequência de stories, narrou in loco o incêndio da sucata. “População fazendo controle do trânsito, tentando ajudar. Estamos ajudando como pode para controlar o trânsito e para não obstruir a via até a esquina onde fica a sucata”, disse.

Ainda segundo o jornalista, uma das preocupações era o fogo chegar em prédios ao lado da sucata. “Recebemos informações de que o fogo se alastrou para alguns pontos comerciais. A preocupação é um residencial ao lado da sucata. Muita gente saindo desesperada, deixando seus bens, saindo dos seus automóveis e é um momento de drama”, relatou.

Ao O POVO, a cabeleireira Viviane Lira, 49, que reside próximo à sucata, relatou que a situação deixou toda a família sensibilizada, especialmente por ter acontecido na noite em que se preparavam para a ceia de Natal. Segundo ela, o trabalho do Corpo de Bombeiros foi acompanhado até o amanhecer.

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“Todo mundo acompanhando, confiante de que ia dar tudo certo. Até às cinco, seis horas da manhã, todos estavam acordados, alguns em oração, outros torcendo para que tudo terminasse bem, e outros apenas acompanhando, como a população costuma fazer diante de qualquer tragédia”, disse.

Morador da região há 39 anos, o servidor público, Halisson Assunção, 39, conta que o fogo se espalhou rapidamente devido aos ventos fortes, forçando a evacuação para áreas seguras. “A gente só pode voltar pra casa pela manhã, por volta das 9 horas. O medo foi grande porque estava muito calor e a gente não sabia o que fazer”, relembra.

No início da manhã dessa quinta-feira, 25, o trabalho do Corpo de Bombeiros ainda prosseguia na edificação. O cenário já era diferente: as chamas haviam destruído grande parte da sucata, construída em 1970. 

Durante a atuação dos bombeiros, as avenidas do entorno da sucata foram bloqueadas pela Autarquia Municipal de Trânsito (AMC) com apoio da Polícia Militar do Ceará (PMCE). A Defesa Civil de Fortaleza disse que está acompanhando a situação desde a madrugada, quando os moradores do entorno foram evacuados.

“Ainda não foi possível avaliar os imóveis atingidos. A vistoria só pode ser feita após o término dos trabalhos do Corpo de Bombeiros. Até lá, os agentes da DCFor continuam no local, aguardando a liberação da área", diz a nota. 

Em nota, a Enel Distribuição Ceará informou que enviou uma equipe ao local para acompanhar a ocorrência durante toda a madrugada e aguarda liberação do Corpo de Bombeiros para avaliar a rede elétrica e adotar as medidas necessárias.

Sucata não tinha certificado de conformidade

A sucata não tinha certificação de conformidade do Corpo de Bombeiros, documento que atesta a segurança e a proteção contra incêndios em prédios comerciais. Ao O POVO, a corporação informou que o local estava em processo de conformidade desde do ano passado, mas que um termo do projeto apresentado pelo proprietário havia sido negado.

Conforme a CBMCE, o proprietário da sucata tinha submetido um plano de segurança, no entanto, a vistoria oficial detectou uma discrepância entre o projeto aprovado e a realidade física do local, resultando na reprovação das medidas de proteção instaladas.

Ainda segundo a corporação, os responsáveis não corrigiram as pendências apontadas nem solicitaram uma nova inspeção desde o ano passado. A estrutura permanecia em situação ilegal com o Corpo de Bombeiros.  

Durante o combate e o rescaldo, os Bombeiros utilizaram 450 mil litros de água. O volume foi empregado com o apoio de três viaturas-tanque de 12 mil litros, reabastecidas quatro vezes; seis auto bomba-tanque (ABTs) de quatro mil litros; e seis carros-pipa da Cagece, com capacidade de 10 mil litros, reabastecidos três vezes cada.

“Não há registro de óbitos relacionados à ocorrência até o momento. As equipes permanecem no local executando ações de rescaldo, monitoramento de focos residuais e avaliação estrutural da edificação, com prioridade absoluta à segurança das guarnições e da população do entorno”, disse a CBMCE, em nota. (Colaborou Kleber Carvalho)

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