Hospital César Cals inclui pais no tratamento contra a sífilis congênita
Além dos recém-nascidos e mulheres que acabaram de dar à luz, os parceiros agora terão acesso a cuidados na própria unidade
Em iniciativa voltada ao atendimento às famílias de pacientes com sífilis congênita, o Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC), em Fortaleza, passa a ampliar o tratamento já disponível aos recém-nascidos e às puérperas. Agora, a ação também incluirá os companheiros.
O Serviço Social da unidade de saúde encaminha a solicitação do parceiro para a emergência obstétrica, que abrirá uma ficha de atendimento. Antes de receber a medicação, o acompanhante assina um termo de consentimento e recebe orientações sobre a continuidade do tratamento.
“Identificamos as pacientes com sífilis nas enfermarias. A gestante é diagnosticada e tratada. Então convidamos também o parceiro para realizar o tratamento”, indica a chefe do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do HGCC, Helena Marília Cavalcanti.
A profissional completa que, caso o parceiro não seja tratado, há risco de reinfecção, comprometendo a saúde da gestante e do bebê. “Daí a ampliação do tratamento para os pais”, diz.
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Ampliação no tratamento contra a sífilis congênita: entenda a infecção
De acordo com o Ministério da Saúde, a sífilis congênita é transmitida a partir da mãe com sífilis não tratada ou tratada de forma não adequada para a criança durante a gestação.
Para detecção da sífilis, é preciso realizar um teste durante o acompanhamento pré-natal e, em caso de resultado positivo, tratar a pessoa gestante e seu parceiro sexual, de forma a evitar a transmissão.
A maioria dos bebês não apresenta sintomas da infecção ao nascer. Contudo, as manifestações clínicas podem surgir nos primeiros três meses, durante ou após os dois anos de vida.
Em informe do HGCC, a inclusão do tratamento dos parceiros no fluxo hospitalar foi uma demanda apontada pelas equipes multiprofissionais. Antes da ampliação, a orientação era que os homens procurassem atendimento em postos de saúde.
“Eu abordo a família, converso com os pais, falo da importância de tratarem os três, porque senão vai ficar um transmitido para o outro, a próxima gestação já vai ser complicada”, diz a pediatra Sara Leão. “A gente está tendo uma excelente adesão. Todos os pais dos bebês que chegam aqui estão aceitando o tratamento”.
Após a aplicação do tratamento, o paciente continua em observação. Em seguida, é encaminhado até uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência.
Em 2024, o Hospital César Cals registrou 153 casos de sífilis. Do total, 75 casos foram identificados em gestantes e 78 de sífilis congênita, nos recém-nascidos. Já em 2025, o registro é de 88 casos, incluindo 40 em gestantes e 48 de sífilis congênita.
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