O POVO É HISTÓRIA: 20 anos do assalto ao Banco Central em Fortaleza
A edição especial resgata como o maior roubo a banco do País foi noticiado nos primeiros dias, entre 9 e 12 de agosto de 2005, nas páginas do O POVO
10:42 | Ago. 02, 2025
Poderia facilmente ser uma cena de uma obra ficcional, mas foi real e aqui na capital do Ceará. No fim de semana dos dias 6 e 7 de agosto de 2005, Fortaleza foi palco do maior assalto a banco da história do Brasil. Neste domingo, 3, a seção “O POVO É HISTÓRIA” relembra os 20 anos do furto à caixa-forte da sede do Banco Central do Brasil (Bacen), mostrando como O POVO noticiou os primeiros desdobramentos do caso, nas edições entre 9 e 12 de agosto de 2005.
As matérias da época revelam que, para acessar o cofre, a quadrilha escavou um túnel de cerca de 200 metros de extensão, com 70 centímetros de largura e quatro metros de profundidade. O túnel, escorado com madeira e lona plástica, contava com ar-condicionado e iluminação elétrica, ligando uma casa na rua 25 de Março, número 1.071, até o cofre do Bacen. Ferramentas como alicate de corte, furadeira, serra elétrica e maçarico foram encontradas no local.
O imóvel que serviu de base para a operação havia sido alugado há três meses. Na fachada eles haviam colocado uma placa de loja de fabricação de grama sintética, para despistar a vizinhança.
Foram levadas cerca de 3,5 toneladas em cédulas de R$ 50, totalizando aproximadamente R$ 164 milhões. Como o dinheiro seria incinerado após análise, isso dificultou a sua rastreabilidade. Autoridades da época chegaram a comparar a ação às práticas de grupos como o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital (PCC). A operação levou três meses de preparação e sete horas de execução. No local, foram encontrados alimentos, bebidas isotônicas, medicamentos e diversos equipamentos de escavação.
Durante a fuga, os criminosos espalharam cal na casa para apagar digitais e se dividiram em grupos, fugindo para diversos estados. O caso levou anos para ser desvendado. Ao todo, 27 dos 36 acusados foram presos ao longo do tempo, alguns em flagrante, outros após investigações e recapturas. Parte do dinheiro foi encontrada em carros transportados por cegonhas e em malas com fundo falso, mas mais de R$ 140 milhões nunca foram recuperados.
Na época, a assessoria de imprensa do Bacen informou ao O POVO que a instituição não possuía seguro para cobrir o valor levado, assumindo, na prática, o prejuízo. O cofre tinha sensores de movimento e câmeras de segurança, mas nenhum alarme foi disparado durante o furto.
O jornal também revelou que a Polícia Federal (PF) havia sido alertada, em maio daquele ano, sobre a possibilidade de um grande assalto em Fortaleza. Fontes ouvidas pelo O POVO afirmaram que a PF chegou a acionar empresas de segurança privada e grandes instituições financeiras para prevenir ataques, mas o alerta não impediu a ação.
A edição especial ainda destaca o papel de um ex-segurança do Banco Central, acusado de colaborar com informações internas, além de apresentar os perfis de personagens como “Tatuzão”, o escavador, e “Alemão”, apontado como o mentor da quadrilha. O assalto inspirou filmes e livros, e até hoje levanta questionamentos sobre a segurança institucional e o poder do crime organizado.