Hospital Universitário do Ceará atendeu mais de 200 pacientes trans

Antes pacientes trans eram atendidos no Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM). HUC passou a atender este público em março deste ano, ao ser inaugurado, e afirma já ter atendido 276 pessoas transgênero até o momento

11:21 | Mai. 19, 2025

Por: Alice Barbosa
Antes os pacientes trans eram atendidos no Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM). O HUC passou a atender este público em março deste ano e afirma já ter atendido mais de 200 pessoas transgênero até o momento (foto: Reprodução/ Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (Sesa))

O Hospital Universitário do Ceará (HUC) atendeu 276 pacientes transgêneros em menos de três meses, desde sua inauguração em março último, disponibilizando exames de imagens e acompanhamento regular para transição de gênero, por meio do Serviço Ambulatorial Transdisciplinar para Pessoas Transgênero (Sertrans).

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Antes, a população trans de Fortaleza era atendida no Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM). O HUC, da rede estadual da saúde, passou a atender este público.

Na nova unidade de saúde, a equipe assistencial foi ampliada e os dias de consultas ocorrem de segunda a sexta-feira, por meio do Sertrans.

O serviço oferece atendimentos com médico clínico, endocrinologista, psiquiatra, psicóloga, assistente social e enfermeira. Os exames laboratoriais e de imagens também são feitos na própria unidade.

O HUC também realizou cerca de 320 consultas médicas entre atendimentos com endocrinologista, clínico geral e psiquiatra desde março.

Criado em 2017, o Sertrans é o único serviço específico, mantido pelo Governo do Estado, para o público trans no Ceará. Já a Central de Regulação do Estado é a responsável por agendar e direcionar os pacientes, que, em seguida, são encaminhados para o atendimento.

Segundo o coordenador do ambulatório Sertrans, Victor Rezende, o acompanhamento médico é fundamental, principalmente em casos de reposição hormonal.

“O hormônio, apesar de ser produzido pelo nosso corpo, se for aplicada uma dose acima ou abaixo, pode trazer alguma complicação e alteração de outros sistemas do nosso corpo como alteração de colesterol ou fígado. Portanto, tenho que prescrever o hormônio adequado, na dose adequada e monitorar os efeitos no corpo daquela pessoa”, destaca.

Em entrevista ao O POVO, a responsável pelo Núcleo de Saúde LGBTQIA+ da Secretaria Municipal da Saúde de Fortaleza (SMS), Mariana Pinheiro, disse que em 2024 pelo menos 600 pessoas estavam na lista de espera para atendimento no Sertrans desde 2019.

A enorme fila de espera ocorre porque os solicitantes do serviço não foram chamados ou por não terem dados atualizados, o que impossibilita o contato. Por outro lado, o coordenador do ambulatório assegura o atendimento no HUC:

“Basta procurar um posto de saúde e pedir para ser encaminhado. Aqui, além dos atendimentos, nós entregamos as medicações gratuitamente e realizamos todos os exames laboratoriais e de imagens necessários para o procedimento da transição, de forma gratuita”, comunica o especialista.