Acusado de exercício ilegal de medicina é denunciado pelo Ministério Público

Suspeito também é acusado de falsificação de documentos e peculato; homem nega cometimento dos crimes e afirma ter sido vítima de extorsão na Bolívia

O suspeito de atuar ilegalmente como médico, Thiago Celso Andrade Reges, 37, preso temporariamente em 2023, foi denunciado pela 93ª Promotoria de Justiça de Fortaleza, durante essa quinta-feira, 28. No documento, Thiago é acusado pelos cometimento dos crimes de falsificação de documentos, peculato e exercício ilegal da medicina.

Segundo informações divulgadas pelo Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), o suspeito teria falsificado o diploma de uma universidade boliviana para obter registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) e atuado ilegalmente nos municípios de Barreira, Baturité, Mulungu e Pentecoste nos anos de 2020 e 2021.

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Em nota, o MPCE afirmou que o acusado “alterou a verdade sobre fato juridicamente relevante, exercendo ilegalmente a medicina e apropriando-se de dinheiro público de diversos municípios em que foi contratado, por meio de Cooperativa de Trabalho, como médico”.

Thiago foi preso em março de 2023 dentro de um apartamento de luxo no bairro Cocó, em Fortaleza. Durante a investigação policial foi apontado que ele detinha dois cavalos avaliados em R$ 2 milhões e fazia passeios de helicóptero pelo Estado.

Conforme veiculado pelo O POVO à época, ele chegou a validar um diploma da Universidade Privada Aberta Latinoameticana (UPAL) junto à Universidade Estadual do Ceará (Uece) com uso de uma liminar. Posteriormente, a Uece foi informada pela Upal de que o homem não teria concluído o curso.

Em entrevista ao O POVO na época da prisão, Thiago afirmou ter sido vítima de extorsão na Bolívia, por parte de pessoas que se diziam representantes da Upal. "Eu sou a maior vítima disso tudo. Tenho fé que serei inocentado", relatou o médico.

A denúncia do MPCE também afirma que o falso médico teria sido contratado através de uma cooperativa de trabalho nesses municípios e detalha o crime de peculato.

“O denunciado detinha a condição de funcionário público, oportunidade em que se apropriou de dinheiro público, praticando crime de peculato”, conclui o órgão, em nota.

Acusado nega atuação ilegal e afirma que irá comprovar legalidade do diploma

Novamente procurado pelo O POVO, Thiago reforçou que o diploma e demais documentos apresentados para conseguir o registro no CRM são legais, com validação das autoridades bolivianas e brasileiras. De acordo com o acusado, o imbróglio teria iniciado quando ele procurou a Uece para realizar a validação.

Devido a divergências na carga horária dos cursos no Brasil e na Bolívia, a Universidade Estadual teria solicitado que ele cumprisse carga horária extra em áreas como Oncologia, Nutrologia, Geriatria, Medicina Legal, e outros componentes presentes no curso da instituição cearense.

Thiago alega ter concluído a carga horária extra exigida pela Uece no Centro Universitário São Lucas durante o ano de 2019, e que após essa atualização, conseguiu validar o diploma. Entretanto, após um comunicado da Upal alegando que ele não concluiu o curso, o documento foi invalidado.

Ainda de acordo com Thiago, esse comunicado teria sido expedido após ele se negar a pagar uma dívida junto à universidade, à qual ele afirmou que não pagaria, porque já estava quitada. Após a suspensão, ele entrou com um processo, ainda em curso, na Justiça Federal, solicitando o reconhecimento do documento como legal.

"Fizemos uma ação na Justiça Federal para eu voltar com o meu CRM, porque meu CRM foi suspenso sem a ampla defesa do contraditório. Eu não tive ampla defesa nenhuma. Só soube que meu CRM foi suspenso quando fui emitir um documento para o imposto de renda", relata.

Questionado sobre a acusação oficial do MPCE, Thiago se disse surpreendido pela denúncia, já que estaria apresentando todos as comprovações solicitadas. Agora denunciado, ele pontua que irá levar esses mesmos documentos e eventuais novas provas a um possível julgamento.

Entre as evidências que devem ser apresentadas ao tribunal estão colegas de Thiago na Upal, os quais ele afirma que conseguiram a validação do diploma no Brasil, bem como outras testemunhas.

"Eu até me assustei quando o MP me denunciou porque eu estava bastante com eles, provando minha inocência para não ser denunciado. Mas nós vamos vencer na Justiça, na esfera criminal, com certeza Vamos provar minha inocência e que isso é um grande erro que estão fazendo", conclui.

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