Casarão dos Fabricantes deve ser reaberto em abril de 2025

Prédio é provisoriamente tombado pela Prefeitura de Fortaleza e passa por processo de restauro. Incêndio atingiu o local em 2020 e destruiu maior parte da estrutura

O Palacete da Avenida Central, popularmente conhecido como “Casarão dos Fabricantes”, deve voltar a funcionar em abril de 2025. Atualmente o prédio passa por processo de restauro devido ao incêndio que comprometeu parte da estrutura, em setembro de 2020.

A informação foi repassada pelo engenheiro responsável pela obra, Flademir Câncio, após contato com a assessoria do proprietário do imóvel, Ricardo Muller.

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Localizado próximo ao Mercado Central, o Casarão era utilizado como ponto de comércio para permissionários da Capital. Com diversos boxes dos mais variados produtos do setor têxtil, o local era ponto de referência da economia local, atendendo mais de 200 comerciantes.

A princípio, este deve ser o intuito do Casarão após a reforma. Segundo Câncio, a estrutura do local está sendo refeita de modo que possa voltar a receber boxes de comércio, assim como era feito até o incêndio em 2020.

“Vai ser a mesma coisa. A estrutura vai ser boxes. Muitos boxes. É como se fosse a estrutura antiga, mas uma estrutura nova, bem moderna, com instalações perfeitas”, explica o engenheiro da Madri Engenharia, construtora responsável pela obra.

Quem passa pelo Casarão pode perceber que toda a parte de dentro do prédio não existe mais. Essa estrutura que compunha o interior da edificação precisou ser demolida durante o início do restauro. Segundo estudos solicitados pela construtora, havia risco de desabar, comprometendo o que sobrou do Palacete e atingindo trabalhadores.

“A gente conseguiu laudos de engenheiros calculistas que constataram que realmente precisava demolir a parte interna. Foi demolida a parte que não tinha como aproveitar e ficou a parte externa que vai ser preservada”, acrescenta Câncio.

Essa parte externa a qual o engenheiro se refere são duas paredes pertencentes à fachada original do Casarão. Uma das poucas coisas que restaram desde o incêndio, ambas perderam estruturas perpendiculares de sustentação e atualmente estão escoradas por apoios metálicos.

As paredes também foram esteticamente prejudicadas pelo incêndio, com danos ao forro, alvenaria e a algumas molduras que embelezavam a entrada e a lateral do Casarão dos Fabricantes. Essas reformas, segundo a Madri Engenharia, também compõem o projeto de restauro do bem.

Devido à importância para a memória da Capital, o prédio foi provisoriamente tombado pela Prefeitura de Fortaleza. Desde então, segue em processo de análise pelo Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico Cultural (Comphic) da Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza (Secultfor).

O tombamento provisório tem valores e regras similares ao tombamento definitivo. O título é concedido a fim de evitar a alteração ou eventuais prejuízos ao bem durante o processo de avaliação para o tombamento definitivo.

“Aberto o processo técnico-administrativo, transforma-se o mesmo em bem tombado provisoriamente, sobre o qual incidem as mesmas prerrogativas do tombamento definitivo. Por que isso ocorre? Para que, no período de tempo que se faz necessário para analisar a proteção do bem, a pertinência da sua proteção cultural, este não seja objeto de demolição ou descaracterização de qualquer natureza. Uma vez entendida e constatada a pertinência da proteção, a instrução segue para voto no conselho”, detalha o professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Ceará (UFC), Romeu Duarte.

Prédio faz parte da história de Fortaleza

Localizado ao lado do Mercado Central, o Casarão dos Fabricantes faz parte da história de Fortaleza e teve diversos fins. O primeiro deles, ainda nos anos 1830, foi a de moradia para uma influente família na sociedade da época.

Como tradição do período neoclássico, ele foi cercado por outras edificações de mesmo intuito, que viriam a ser demolidas posteriormente para dar lugar ao Mercado Central, e dava acesso ao Riacho Pajeú.

Único “sobrevivente” das demolições que deram lugar ao Mercado, o Casarão serviu também de Hotel Central, sede do Paço Municipal de Fortaleza e da Fundação do Bem-Estar do Menor no Ceará (Febem-CE).

Funcionou durante 14 anos como ponto comercial, dando vida ao projeto da cearense Camila Botelho, dona da marca Casarão dos Fabricantes.

Processo de tombamento 

O tombamento foi iniciado em 2018, antes mesmo do incêndio e da reforma no prédio. Por isso, o restauro do Casarão precisou ser aprovado pela Secultfor, mediante projeto elaborado pelo Studio Rozzoline de engenharia e agora executado pela construtora Madri.

Questionada sobre o processo de tombamento do Palacete, a Secultfor informou que o tombamento definitivo do equipamento está em fase de estudos para originar a Instrução de Tombamento, documento obrigatório que contém apanhado histórico, análise arquitetônica e urbanística, além de dispor de diretrizes e recomendações para futuras intervenções no bem.

"Após incêndio ocorrido em 2020, o proprietário contratou equipe especializada para elaboração do projeto de restauro, que buscou manter e preservar a estrutura restante. Seguindo o que orienta a Lei Municipal 9.347, o projeto foi submetido à Secultfor e aprovado pelo Comphic. A restauração do prédio está em andamento", diz nota da Secretaria. 

Procurada, a Rozzoline Engenharia confirmou o reforço nas paredes bem como a preservação de aspectos originais no projeto de restauro do Casarão. O POVO tentou contato com a assessoria do proprietário do imóvel, mas não obteve retorno.

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