Catracas dos terminais de ônibus miram na segurança, mas esbarram no desconforto

As novas catracas foram instaladas com o objetivo de reforçar a segurança e evitar a prática de "pular a catraca". O terminal de Messejana foi o primeiro a receber o modelo

Desde 2018 os terminais de ônibus de Fortaleza adotaram um novo modelo de catraca. Antes, os equipamentos batiam na cintura dos usuários, que passavam o cartão e tinham a entrada liberada. Agora, a lógica é a mesma, mas as estruturas se parecem com celas de cadeia. Elas bloqueiam todo o corpo de quem tenta entrar no local.

O novo modelo, de acordo com a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), foi instalado com o objetivo de reforçar a segurança e evitar a prática de "pular a catraca". O terminal de Messejana foi o primeiro a receber o modelo.

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As novas catracas, no entanto, são alvo de críticas de muitos usuários. Eles reclamam que as estruturas são muito estreitas e, dependendo do tamanho da pessoa e da quantidade de bagagem que ela carrega, a passagem é complicada.

Em nota, a Etufor ressalta que “os passageiros que apresentem dificuldades de locomoção, sejam obesos ou sejam pessoas com deficiência, podem fazer uso do portão acessível, instalado ao lado da catraca. No caso de utilizar volumes maiores, os usuários também podem utilizar o portão, ou acessar o terminal com o uso do porta-volumes”.

A instalação dos equipamentos, além disso, segue a norma técnica No. 15.570 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Eles preveem que a catraca deve possuir um tamanho igual ou maior que 40 cm de espaço para passagem dos usuários. “Vale ressaltar que todos os terminais já adotam algum tipo de sistema de segurança, seja com a catraca até o teto ou apenas um dispositivo de extensão da mesma”, diz a Etufor.

Carina Teles, 37, costuma passar pelo terminal do Papicu quase todos os dias. “As catracas são muito estreitas. Nem todo mundo tem o mesmo excesso de peso. As vezes a pessoa tá com muita bagagem e não consegue passar”.

Uma dessas pessoas é Maria Ivone, 54. Ela trabalha com a venda de produtos no terminal e não consegue passar as mercadorias pela catraca. “Ficou muito ruim [a estrutura], muito estreita. Se você for passar com uma mochila ou qualquer coisa é muito dificultoso”.

Para conseguir passar com os produtos, ela tem que do portão acessível. “Foi um grande problema para conseguir, mesmo pagando a passagem, [passar] a mercadoria pelo portão. Hoje, graças a deus, eles [liberam]”.

No terminal do Papicu, existe um cartaz do Sindiônibus com ‘recomendações’ para que os usuários consigam passar pela catraca. No caso de embrulhos, eles aconselham colocar o objeto em cima da cabeça. No caso de mochilas, recomendam tirar das costas e colocar na frente do corpo.

“A catraca é um item essencial para quantificar, controlar o acesso e aumentar a segurança no dia a dia do passageiro”, diz trecho do cartaz.

Maria José, 52, passa pelo terminal do Papicu todos os dias. Ela também não gosta muito do equipamento. “A primeira vez que colocaram essa catraca, eu achei um absurdo. Não gostei, porque tenho dificuldade quando venho de mochila. Até reclamei”.

Com uma mochila e um capacete de moto, Antônio Arthur, 20, passou pela catraca com dificuldades. “Tá muito estreito, quando a gente vai passar, [acaba] se enganchando, né?”.

Fernando Antonio, 48, também tem reclamações quanto ao equipamento. Ele, no entanto, faz outra ressalva: “Não são só as catracas. Esse acesso que tem aqui [no Papicu] tá um pouco complicado por conta desse pessoal que pede dinheiro. Eles ficam em cima da gente. Além da dificuldade [da entrada] ser apertada, ainda tem isso”.

No terminal do Siqueira as reclamações continuam

Em outro terminal da Capital, o Siqueira, as reclamações são as mesmas. “Com mochila não passa, se tiver com seu filho não passa. É uma dificuldade muito grande para passar por essas catracas”, diz Adriano Moraes, 36.

Em relação à segurança, ele não acredita que as catracas causaram alguma mudança. “Nenhum terminal é seguro. Pode ter a maior catraca que for, não vai ficar seguro não. Tem nada a ver catraca com segurança”, critica.

Rosana Maria, 52, de fato, se sente mais segura com a mudança. Ela, no entanto, também relata dificuldades com o equipamento. “Essas catracas são muito ruins. Uma vez eu vim com uma mochila, fiquei enganchada e não consegui passar”.

Outra pessoa que critica o equipamento é Yasmim Gomes, 21. “Quando a gente volta com sacolas grandes, a gente tem que baixar por baixo, porque é difícil passar pela catraca. Às vezes eu ando com capacete [de moto] e fica muito imprensado”.

Ela também se sente um pouco mais segura com a alteração, “mas é aquela mudança que muda, mas ao mesmo tempo complica a nossa vida”.

Vale ressaltar que, apesar das inúmeras reclamações relatadas ao O POVO, algumas pessoas sequer tinham notado a mudança.

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