Plano de ações para mitigar efeitos do El Niño no Ceará deve ser entregue em dezembro

Projeção de poucas chuvas devido ao aquecimento das águas do oceano Pacífico preocupam gestores cearenses. Plano deve guiar ações e busca por recursos federais

Representantes de diversos órgãos do Governo do Ceará se reuniram nesta terça-feira, 28, para planejar ações de mitigação dos efeitos do El Niño em 2024. Com o fenômeno de superaquecimento do oceano Pacífico, a probabilidade de chuvas abaixo da média aumenta. Um plano de contingência em preparação para o ano mais seco deve ser entregue ainda em dezembro.

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Estiveram presentes no Palácio da Abolição, sede do governo estadual, o governador Elmano de Freitas e membros da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), da Superintendência de Obras Hidráulicas (Sohidra), da Defesa Civil, da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), entre outras.

Entenda o fenômeno El Niño e La Niña

“A discussão é essa, a preparação de um plano detalhado das ações que vão ser implementadas ainda no início do ano que vem, em resposta a esse possível evento”, disse o presidente da Funceme, Eduardo Sávio, durante coletiva de imprensa. Segundo ele, o cenário do El Niño é preocupante devido ao impacto no volume de chuvas, influenciando diretamente o nível de aporte dos reservatórios hídricos e a agricultura.

Apesar de 2023 ter registrado o maior aporte hídrico desde 2011, com ganho de 6 bilhões de m³ de água, algumas cidades ainda sofrem com as secas causadas pelo último período de El Niño, de 2014 a 2018. “A luta da seca multianual mais recente foi tão grande que são vários os municípios ainda com uma certa preocupação”, afirmou Eduardo.

Segundo o Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2iD), 26 municípios do Ceará estão em situação de emergência devido à estiagem ou seca. “A tendência com essa estiagem, pouca chuva, é esse número aumentar”, estimou o coordenador estadual da Defesa Civil, tenente-coronel Haroldo Gondim.

“Por isso, é preciso ter esse olhar de prevenção e mitigação”, disse Haroldo. O plano deve servir tanto para guiar ações entre secretarias estaduais quanto para a busca de recursos federais. 

Adutoras e poços profundos fazer parte de estratégia

Para auxiliar no abastecimento da região do Sertão Central, até março de 2024, segundo Paulo Ferreira, superintendente da Sohidra, a primeira fase do sistema adutor Banabuiú será concluída. O sistema, parte do projeto Malha D’água, terá 700 km de extensão e deve abastecer pelo menos nove cidades.

A primeira fase consiste na construção da Estação de Tratamento (ETA) da água captada no açude Banabuiú. Segundo Paulo, as sedes e distritos de Banabuiú, Solonópole e Jaguaretama já deverão receber água do sistema no próximo ano.

Além disso, locais onde não há abastecimento poderão receber a perfuração de poços profundos. “Está dentro do plano apresentado ao governo a instalação de pelo menos mil poços ano que vem”, afirmou Paulo.

Adutoras emergenciais construídas em anos anteriores de seca também devem ser substituídas por sistemas definitivos. Paulo explica que a troca será iniciada por municípios que já tem previsão de colapso hídrico em 2024, como Ibicuitinga, Quixeramobim e Itatira.

O desafio de conservar a segurança hídrica

Com 40% da capacidade dos açudes do Estado preenchida, a segurança hídrica para 2024 está garantida na maior parte do Ceará. No entanto, é preciso garantir a conservação desse cenário, já que não há como prever a duração do período de pouca chuva.

“De qualquer forma, é importante a antecipação. Até porque não sabemos como serão os anos que se seguem, 2025, 2026, 2027, que sempre tem aquela possibilidade de uma seca multianual. Também por isso, é muito importante que a população se conscientize no uso da água”, afirmou o presidente da Funceme.

Os esforços também envolvem a gestão do uso das águas. Segundo o secretário dos Recursos Hídricos, Ramon Rodrigues, bacias como Curu, Sertão de Crateús e Médio Jaguaribe, que tem menos de 30% da capacidade preenchida, já têm restrições de alocação de água. “Existem locais que precisam de uma análise mais profunda das outorgas, para que a gente não comprometa usos prioritários”, disse.

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