Praia Acessível: dia de banho de mar, sorrisos e acolhimento

O POVO esteve na Estação da Praia de Iracema para acompanhar um dia do projeto que promove banho de mar para pessoas com deficiência física ou baixa mobilidade

Em cidades litorâneas como Fortaleza, a praia é um dos espaços de lazer mais visitados por quem mora no Município e por turistas. Mesmo acolhendo milhares de pessoas todos os dias, o acesso ao mar pode ser algo limitado. Para ampliar o contato de mais pessoas com a praia e a água do mar, o projeto Praia Acessível foi desenvolvido como um espaço de lazer preparado para receber pessoas com deficiência física ou com baixa mobilidade. O POVO esteve na Estação da Praia de Iracema, na manhã de sábado, 10, para mostrar a movimentação entre os banhistas.

A jovem Jenny teve seu primeiro contato com o mar através do projeto. Em um ritual de diversão e relaxamento, junto à mãe, irmão e ao casal Ana Cláudia e Felipe Carvalho, Jenny riu e chorou com a experiência. Filha de Liduina Medeiros, 56, Jenny tem 33 anos, não fala, tem paralisia cerebral, retardo neuropsicomotor e microcefalia.

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A forma de comunicação da jovem é através do toque. Jenny abraça a mãe, Cláudia, os salva-vidas e quem mais se aproximar dela. “Hoje nós fomos muito bem recebidos. A Jenny não é agressiva. Nem todo lugar nos recebe bem, tem muita discriminação com pessoas como a minha filha. Ela não vê maldade nas coisas“.

O local conta com esteira de acesso, cadeiras anfíbias, apoio personalizado, tendas, cadeiras de praia, guarda-sóis e muitos outros equipamentos usados para garantir conforto e a segurança durante o dia de mar dos que buscam um mergulho.

Liduina conta que a filha tem baixa mobilidade e só começou a andar com 10 anos de idade, após o tratamento com fisioterapia. “Ela era uma paciente desenganada. Os médicos diziam que ela não sobreviveria por muitos anos.”

Sobre o dia na praia, a mulher disse estar sendo uma alegria imensa para toda a família: “Estamos aqui por causa da Ana Cláudia, que é enfermeira que acompanha a Jenny, no posto de saúde perto de onde moramos”, disse Liduina. Em um gesto de amizade entre as duas, a enfermeira convidou Liduina e a família para tomar banho de mar sob a supervisão dos profissionais que atuam no projeto.

O marido de Ana, Felipe, seria o responsável por levar a família Medeiros até a praia, que se tornou acessível. “Quem descobriu o local foi o Felipe, meu companheiro. Nas conversas com a Liduina eu vi que essa família precisava sair um pouco de casa. A gente pensa que não faz diferença [esse tipo de ação], mas faz. Foi bom para mim, para Jenny e para todos nós. A simplicidade faz toda a diferença”, disse Ana.

“Eu sou enfermeira e a enfermagem é o cuidado. E o cuidado vai além do que se ensina nos cursos e se aprende no trabalho. Infelizmente, nem sempre quem cuida é valorizado. Uma mãe não é valorizada. Quem trabalha na enfermagem tem muito amor pela profissão. Se o paciente está bem é o que importa. Hoje eu deixei os meus filhos com a avó deles. Eu saí de casa dizendo que hoje o dia seria especial para alguém”,  finalizou Ana.

Banho de mar virou rotina

FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 10-09-2022: Praia Acessível, que funciona, em Fortaleza, na Praia dos Crush. (Foto: Samuel Setubal/ Especial para O Povo)
FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 10-09-2022: Praia Acessível, que funciona, em Fortaleza, na Praia dos Crush. (Foto: Samuel Setubal/ Especial para O Povo) (Foto: Samuel Setubal-Especial para O Povo)

 

Ítula Silva, tem 39 anos, é mãe de dois filhos, dona de casa e professora formada. A mulher teve poliomielite durante os primeiros anos de vida. Depois da paralisia infantil, ela passou a usar órteses, muletas e cadeiras de rodas. Conhecedora do projeto desde o ano de 2016, Ítula conta que não abre mão dos banhos de mar, pelo menos duas vezes na semana.

"Eu soube desde antes da inauguração. Como eu sempre morei perto do mar, eu ia para a praia com a família, na infância. Com o tempo ficou difícil ir. Com 16 anos, eu não queria mais ser carregada, e acabei deixando de ir à praia”.

Antes de nadar no mar, ela diz que já praticava natação, mas só em piscina. "Hoje, o projeto Praia Acessível é a minha paixão. O projeto ficou parado durante o período mais complicado da pandemia. Agora eu retornei em julho deste ano, e estou tentando vir pelo menos duas vezes na semana. Esse mar! O mar e o sol mudam meu dia”, diz.

O projeto foi idealizado e é mantido pelo Governo do Estado, em parceria com as Prefeituras Municipais. Na Capital, a Secretaria do Turismo de Fortaleza (Setfor) realiza os agendamentos por meio do e-mail acessibilidade@setfor.fortaleza.ce.gov.br ou na estação Praia de Iracema, na avenida Beira Mar, 848.

Serviço

Local: Estação da Praia de Iracema (na Avenida Beira Mar, 848);
Dias: de quarta-feira a domingo;
Horário: das 9h às 13h.

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