Alergias respiratórias: cuidados devem ser intensificados em temporada de ventos fortes no Ceará

Além de procurar meios para prevenir as alergias, cidadãos devem estar atentos aos perigos da automedicação em momentos de crise alérgica

No trimestre do ano em que o Ceará registra ventos mais fortes, entre agosto e outubro, os casos de alergias respiratórias tendem a aumentar. Poeira e ácaro movimentados pelo vento podem gerar reações alérgicas em quem já tem sensibilidade, causando sintomas como corrimento nasal, tosse, coceira na garganta, entre outros. Com isso, os cuidados para diminuir a frequência de crises devem ser reforçados.

“A poeira se espalha muito facilmente. No Ceará e em regiões mais tropicais no geral, não tem muita divisão das estações do ano. Em outros locais do mundo, as alergias aumentam na primavera por conta da polinização. Mas aqui o pólen não é um problema”, afirma Marcos Rabelo de Freitas, professor associado de otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC).

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Segundo ele, muitas pessoas acreditam que a floração do caju, que coincide com o período de ventos fortes, é responsável pelo aumento das alergias. No entanto, Marcos diz que não há evidências que comprovem o papel do pólen do caju como causador desses sintomas. “Isso acaba sendo um mito”, diz.

Neste período, os cuidados de Sarah Melo, 35, com as alergias do filho Gotardo Matheus, de 5 anos, são reforçados, apesar de os dois sofrerem com sinusite e faringite durante o ano inteiro.

“Tanto por causa dos ventos, porque vem a poeira, e por causa do calor que vai aumentando”, diz Sarah. A coordenadora de marketing explica que, por morar em um apartamento muito ventilado, acaba precisando diminuir a circulação do local para que a poeira vinda da rua não entre na casa.

“A orientação recente do pediatra dele foi para manter a casa mais limpa possível”, relata. Passar o pano no chão da residência com mais frequência teve de ser uma tarefa incorporada na rotina da família.

O otorrinolaringologista aconselha ainda o uso de capas antiácaro nos colchões e nos travesseiros. Além disso, a lavagem nasal periódica deve ser adicionada no dia a dia da criança.

“Eu demorei uns três anos pra fazer ele se acostumar [com a lavagem nasal]. A criança ainda resiste, mas a gente conta história de forma mais lúdica, fala que existem bichinhos do mal que tem que tirar, os viruzinhos, e aí consegue convencer”, conta Sarah.

A preocupação dos pais com crianças alérgicas nesta época é compreensível, já que o sistema imunológico delas ainda é “imaturo”, segundo Marcos. As crianças, assim como os idosos, têm mais propensão a infecções nas vias aéreas superiores, com gripes e resfriados.

“Se ela tem uma rinite alérgica, aumenta mais as chances de ela ter um quadro viral, e esse quadro evoluir para um quadro bacteriano, com necessidade de antibiótico, descontrole de asma. Realmente as crianças têm maior risco.”

Por isso, a pediatra Vanuza Chagas chama atenção para sintomas em crianças que merecem vigilância e, em alguns casos, cuidados médicos: abatimento, recusa alimentar, não conseguir dormir por não respirar direito, frequência respiratória alterada, cansaço e febre.

Com a frequência de crises, é comum também que pessoas alérgicas se automediquem em vez de procurar auxílio médico. Marcos recomenda cautela.

“É preciso evitar o uso de medicações que não sejam prescritas por um profissional adequado”, diz. Ele lembra que medicamentos que ajudam na descongestão nasal, corticóides e antibióticos podem trazer riscos para crianças e idosos devido aos efeitos adversos.

Previsão do tempo

De acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), até quarta-feira, 31, são esperadas rajadas de vento em municípios da faixa litorânea, na região do Cariri e do sul do Sertão Central.

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