Sujeitos a multa, tutores não recolhem cocô de cachorro em espaços públicos de Fortaleza

Dejetos não recolhidos podem atrair insetos e outras pragas, além de serem um perigo sanitário para a saúde humana e animal

O Código da Cidade de Fortaleza, aprovado em 2019, prevê multa para tutores que não recolherem dejetos de animais de estimação durante passeios em vias públicas. No entanto, devido à necessidade de constatação de flagrante para a aplicação da punição, é difícil pessoas que cometem essa infração serem multadas, de acordo com a Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis). A agência afirma que não tem dados sobre quantos já receberam essa multa.

Conforme nota da Agefis, a penalidade prevista no artigo 893 do Código da Cidade pode variar de R$ 30 a R$ 400 para pessoa física e até R$ 4.800 para pessoa jurídica. “A Prefeitura de Fortaleza conta com o apoio e a conscientização dos tutores de animais, para que haja a devida higienização dos dejetos nos espaços públicos, a fim de ordenar e conservar a limpeza da cidade”, diz a nota.

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Ciente da importância de recolher as fezes dos cachorros, a administradora pública Anny Kamylla Fernandes, 35, leva um kit para limpeza sempre que passeia com os pets dela. Saquinhos, desinfetante e papel higiênico acompanham os momentos de lazer com os bichos, principalmente em shoppings e calçadões.

Quando vê uma pessoa que não segue a regra, Anny ainda tenta ajudar. “A pessoa ia saindo de fininho (sem recolher as fezes do cachorro) e eu disse: ‘Ei, eu tenho um saquinho, pode usar’. A pessoa ficou totalmente errada (desconcertada)”, relembra. Ela também conta que já recolheu o cocô do cachorro de outros tutores quando não viu quem deixou de realizar a limpeza.

FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 25-07-2022: Anny, tutora da pet Laylla, tem como prática o recolhimento dos dejetos de sua animal de estimação após o passeio. (Foto: Fernanda Barros/ O Povo)
FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL, 25-07-2022: Anny, tutora da pet Laylla, tem como prática o recolhimento dos dejetos de sua animal de estimação após o passeio. (Foto: Fernanda Barros/ O Povo) (Foto: FERNANDA BARROS)

Para Anny, que adora passear com os pets e acha positivo a popularização de espaços que eles podem frequentar, os tutores precisam de consciência para que esses ambientes continuem permitindo a entrada dos bichos. “Por causa de um, todos pagam. A gente tem que fazer tudo direitinho”, comenta.

No condomínio onde mora, no bairro Joaquim Távora, os moradores pediram que fosse instalado um suporte com sacos de lixo na calçada do local. Apesar de quem passeia com cachorros pelo condomínio ter o costume de levar o próprio saquinho, Anny acredita que a iniciativa incentiva quem passeia na rua a deixar a calçada do prédio limpa.

Perigo para a saúde humana e animal

O presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Ceará (CRMV-CE), Atualpa Soares Júnior, explica que as fezes dos animais são fontes de contaminação, da mesma forma que a de humanos. “Servem para a proliferação e para atrair alguns animais”, diz o especialista.

Ele explica que as moscas podem utilizar as fezes como fonte de nutrientes. Microorganismos causadores de doenças como a cinomose e a parvovirose também podem ser propagados por meio dos dejetos. Verminoses, como ascaridíase e ancilostomose, são outras das doenças que podem ter transmissão facilitada pela presença de fezes no ambiente. Segundo Atualpa, as doenças podem ser passadas de uma espécie para outra por meio dos dejetos.

Apesar da atenção no descarte das fezes dos animais de estimação, Atualpa afirma que não é preciso ter medo de pegar doenças dos bichos caso eles estejam saudáveis. “Animais bem cuidados, aqueles que têm a vermifugação em dia, acompanhamento de veterinário, vacinas em dia, as chances de ter contaminante pra própria espécie e pro humano é mínima”, diz. Para o especialista, essas ações dão tranquilidade para a interação dos tutores com os bichos

Como descartar dejetos de cachorro corretamente

Para fazer o descarte correto do cocô dos cachorros, dentro ou fora de casa, Atualpa recomenda que o material seja recolhido com uma sacola plástica. Se possível, para manusear o dejeto, o tutor pode utilizar luvas. Depois de recolhido, é necessário que o saco seja colocado em um lixo que será levado pelo sistema de coleta urbana. O descarte também pode ser feito dentro de um vaso sanitário.

Após o descarte, é necessário que o tutor faça a auto-higienização. Atualpa lembra da importância de lavar as mãos com água e sabão depois de manusear os dejetos animais. “Assim, caso você entre em contato com contaminante, evita que adquira alguma doença”, afirma.

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