PM envolvido em intervenção que terminou com adolescente morto é afastado

Família reclama de ineficácia do poder público diante da morte do adolescente. Secretaria de Proteção Social afirma que Centro de Referência deve acompanhar os parentes de Paulo Victor

O policial militar envolvido na ocorrência que vitimou o adolescente Paulo Victor Silva de Oliveira, de 16 anos, foi afastado das atividades operacionais de rua até a conclusão do Inquérito Policial Militar, que apura o caso. As informações são da Polícia Militar do Ceará (PM-CE). No domingo, 24, o adolescente estava na esquina da rua Tancredo Neves, bairro Mondubim, em Fortaleza, quando foi baleado durante uma intervenção policial. O jovem não sobreviveu aos ferimentos. 

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Em entrevista ao O POVO, os familiares do rapaz afirmaram que o grupo de assustou com a chegada da Polícia, pois há 15 dias, houve uma ocorrência em que um agente de segurança agrediu um adolescente. Então, assustados com a situação anterior, os colegas correram. Paulo Victor colocou as mãos para cima, mas foi lesionado. Os parentes afirmam que ele não estava armado e que não tinha envolvimento com crimes. A família diz que só foi ouvido no local um único tiro, que não houve tiroteio. Na nota da Polícia Militar, há a informação de uma arma com seis munições deflagradas apreendidas. E há o relato de que os policiais foram ao local atender uma denúncia de tráfico de drogas. 

Jovem queria se tornar jogador de futebol profissional. Família contou que, no dia da intervenção policial, ele tinha saído de casa para comprar pasta de dente
Jovem queria se tornar jogador de futebol profissional. Família contou que, no dia da intervenção policial, ele tinha saído de casa para comprar pasta de dente (Foto: arquivo pessoal )

Conforme um parente de nome preservado, o rapaz soltou pipa no sábado e no domingo, 24, saiu de casa para comprar uma pasta de dente, mas no caminho encontrou os amigos, comeu açaí e conversava na esquina, no momento da abordagem policial. Houve correria quando o tiro foi disparado. Ao perceberem que o jovem havia sido ferido a bala, os moradores interferiram para que os policiais não fizessem a condução de Paulo para o hospital, pois temiam que ele fosse baleado novamente. Usando da força, conforme a família, os PMs levaram o rapaz na viatura até a Unidade de Pronto Atendimento do bairro Conjunto Prefeito José Walter, em Fortaleza.

Vídeo de câmeras de segurança mostram o momento da intervenção policial
Vídeo de câmeras de segurança mostram o momento da intervenção policial (Foto: reprodução/arquivo pessoal )

Em um vídeo de circuito de segurança, os PMs aparecem chegando em uma viatura e outros policiais entram pela rua, realizando um cerco. Paulo Victor aparece com as mãos para cima e em seguida cai no chão, ferido. Pessoas se aproximam desesperadas quando percebem que o rapaz foi atingido. Os PMs permanecem no local. 

Família pede Justiça após a morte de Paulo Victor, 16 anos, vítima de intervenção policial
Família pede Justiça após a morte de Paulo Victor, 16 anos, vítima de intervenção policial (Foto: reprodução/arquivo pessoal )

Familiares de Paulo Victor apontam inércia e falta de apoio do poder público. Eles afirmam que, desde a morte do rapaz, não receberam orientações ou qualquer tipo de visita de autoridades que pudessem dar respostas sobre o andamento do caso. Pelo contrário, os parentes destacam que sofrem constrangimento desde o ocorrido.

Paulo Victor era o irmão mais velho, entre outros dois, de oito e de seis anos. Ele chegou a viajar à São Paulo no intuito de fazer testes e realizar um sonho, que era ser jogador de futebol. Agora, a família lamenta e pede por Justiça. Eles afirmam que, após caso, temem represálias.

Por meio de nota, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que a Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS) possui o Centro de Referência e Apoio às Vítimas de Violência, que é destinado a dar suporte a vítimas ou familiares de vítimas de crimes violentos. "O CRAVV está iniciando contato com a família, para oferecer o suporte jurídico e psicossocial e auxiliar nos encaminhamentos necessários à rede de assistência social", informou.

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