Fortaleza fechou quadra chuvosa com maior volume de chuvas entre cidades cearenses

Entre fevereiro e maio, acumulado de precipitações na Capital cearense passou de 1.500 milímetros, segundo dados fornecidos pela Funceme

A Capital Fortaleza foi a cidade cearense com o maior acumulado de chuvas durante o período da quadra chuvosa deste ano, entre os meses de fevereiro e maio. Segundo dados consolidados fornecidos pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), no quadrimestre a cidade registrou volume pluviométrico de 1.522 milímetros (mm). O índice é quase 60% maior do que a média do mesmo intervalo do ano passado, que foi de 952 mm.

Na análise mensal, março apresentou o maior acumulado, com 638,4 mm. O volume, segundo a Funceme, foi o maior para o mês desde 1973, ano em que o órgão iniciou a série histórica da contagem pluviométrica. Dos quatro meses da estação, apenas fevereiro teve chuvas abaixo da normal climatológica. O mês foi encerrado com 148 mm, cerca de 8,8% abaixo do volume esperado (163 mm).

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Em abril, que registrou 482 mm, o acumulado ficou 35% acima do normal (355 mm). No último mês do ciclo — maio — o saldo também foi positivo, com 252 mm verificados, ante a uma normal climatológica de 200 mm, perfazendo desvio de 25%. De acordo com a Funceme, a regularidade das chuvas a partir do segundo mês da estação foi resultado da atuação da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), principal sistema indutor de precipitações na Capital e em todo o Ceará nesta época do ano.

Ainda de acordo com os dados da Funceme, o Litoral de Fortaleza, região onde a Capital está inserida, foi a divisão territorial do Estado com o maior volume de chuvas durante o quadrimestre (1.106 mm). Na sequência aparece o Maciço do Baturité (923 mm), Litoral Norte (789 mm), Litoral do Pecém ( 775 mm) e o Cariri (742 mm).

É nessas macrorregiões, com exceção do Litoral Norte, onde estão localizados os dez municípios com maiores acumulados de precipitações durante a estação chuvosa.

Já na lista das dez cidades com os menores acumulados, oito são do Sertão Central e Inhamuns, a macrorregião onde menos choveu no Ceará durante o quadrimestre (445 mm).

Em termos comparativos, o município cearense com maior acumulado (Fortaleza) registrou quase sete vezes mais chuvas do que aquele com menor volume (Parambu). Percentualmente, a diferença chega a 536%. As cidades não estão afastadas apenas pelos números contrastantes, mas também pela distância, que chega a aproximadamente 450 quilômetros.

De acordo com o meteorologista da Funceme, Lucas Fumagalli, a discrepância na distribuição espacial das chuvas faz parte do padrão climatológico cearense. “A faixa litorânea e o Maciço de Baturité são, naturalmente, as macrorregiões que mais recebem precipitações durante a estação chuvosa. Então, é de se esperar que os municípios dessas áreas registrem os maiores acumulados. Diferente do Sertão Central e Inhamuns, onde historicamente chove bem menos”, explicou.

Fumagalli ainda destaca que, mesmo com a predominância da ZCIT, que provocou chuvas em todas as macrorregiões do Ceará entre março e maio, a incidência pluviométrica do Estado se manteve nos mesmos moldes dos anos anteriores. “Onde já chovia mais, ocorreram mais precipitações, e onde já chovia menos, as precipitações foram menores”, disse. O meteorologista ainda acrescentou que embora o ciclo chuvoso tenha se encerrado, o cenário segue favorável para novas precipitações até o fim de junho.

“Nessa época, existem áreas de instabilidade que se formam no oceano Atlântico e acabam provocando chuvas no Ceará. Contudo, elas tendem a diminuir a sua frequência com o passar dos dias, à medida que a gente vai se encaminhando para a estação seca, no segundo semestre. Devemos ter precipitações isoladas, portanto, pelo menos até o fim deste mês”, afirmou. Nesse período de pós-estação, os maiores acumulados também são esperados para a faixa litorânea, enquanto os menores devem ocorrer no sul e oeste do Estado.

Estiagem prolongada

A quadra chuvosa de 2022 no Ceará foi a terceira melhor da última década. No total, choveu 620 mm, atrás apenas de 2019 (670 mm) e 2020 (736 mm). Mesmo assim, em alguns municípios, houve longos períodos de escassez. Em Tarrafas, no Sertão Central e Inhamuns, o intervalo sem chuvas foi de 51 dias, quase metade de todo o quadrimestre. Segundo a Funceme, a cidade não registrou nenhuma precipitação entre 10 de abril e 30 de maio.

Já em Palhano, na região Jaguaribana, a estiagem durou 20 dias seguidos, entre 1º e 20 de fevereiro. Também houve ausência de chuvas em Parambu e Araripe, por 19 dias; Potengi, Barbalha e Abaiara, por 18 dias; Altaneira, Salitre e Parambu, por 17 dias e Brejo Santo, por 16 dias.

A situação enfrentada pelos municípios vai na contramão do que aconteceu neste ano na Capital cearense. Entre março e abril, Fortaleza chegou a registrar 40 dias consecutivos com precipitações, maior intervalo chuvoso em desde 2003, quando a sequência havia sido de 51 dias.

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