Operação da PF contra corrupção: dois juízes federais do Ceará são alvo

Decisões absurdas em processos judiciais de execuções fiscais "resultaram em prejuízo bilionário aos cofres da União", aponta a PF

Na manhã desta sexta-feira, 20, cerca de 90 policiais federais estiveram em Fortaleza e em quatro outras cidades para investigar possíveis corrupção e lavagem de dinheiro que teriam sido praticadas por juízes federais, advogados, empresas e servidores públicos. Dos 19 mandados de busca e apreensão, 15 foram cumpridos na Capital. Um aconteceu em Brasília, um em Recife, um em São Paulo e outro em Dourados, município do Mato Grosso do Sul. No Ceará, dois juízes federais são alvo da investigação. 

As investigações fazem parte da operação Skiagraphia e tiveram início em 2019, com inquérito a partir de notícia da Procuradoria da Fazenda Nacional. São investigados indícios de irregularidades em ações em curso na Justiça Federal entre 2012 e 2016. Conforme a Polícia Federal (PF), as ações "resultaram em prejuízo bilionário aos cofres da União".

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Segundo Alan Robson Alexandrino Ramos, delegado Regional de Investigação e Combate ao Crime Organizado da PF no Ceará, a notícia da Fazenda Nacional apontava "teratologias", ou seja, decisões absurdas em processos judiciais de execuções fiscais. Desde então, passou a ser investigada a atuação de dois juízes federais do Ceará, de advogados e de grandes empresários do Estado.

"Os mandados estão sendo cumpridos sem intercorrência. Os policiais às 6 horas estiveram nos domicílios dos investigados. Um dos juízes está atualmente como assessor do presidente do Superior Tribunal de Justiça, por isso abusca em Brasília, mas também na residência dele em Fortaleza. O outro juiz é aposentado e a busca foi feita aqui na Beira Mar", detalhou o delegado em coletiva de imprensa. "Os advogados têm escritórios nesses municípios citados. Além disso, fortes indícios apontam que grandes grupos empresariais daqui de Fortaleza são os beneficiários do esquema", completa.

Os mandados cumpridos nesta manhã foram determinados pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região, no Recife. Como resultado, foram obtidos documentos, computadores e celulares. Conforme Alan Robson, as investigações incluem ainda acompanhamento do fluxo fiscal e financeiro dos alvos.

Caso a operação aponte indícios e provas, os participantes do esquema devem responder por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Em caso de condenação, as penas podem chegar a 42 anos de prisão. As investigações continuam, com análise do material apreendido.

Operação Skiagraphia

 

O nome da operação remete à técnica de pintura “shadow painting”, em que se busca dar a ilusão de profundidade pelo contraste entre sombra e luz. Com isso, os investigados simulavam estar à luz do caminho público, mas na verdade se encontravam às sombras da lei.

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