Período chuvoso aumenta risco de leptospirose em Fortaleza; saiba como se proteger

Nos últimos dois anos, 60 casos de leptospirose foram registrados em Fortaleza. Oito pessoas morreram pela doença na Capital nesse período.

O período de chuvas intensas em Fortaleza, que ocorre de fevereiro a maio, é o tempo mais propício a alagamentos pela Cidade. Com isso, a doença causada pela urina de ratos, a leptospirose, vira uma preocupação da população e do poder público. Locais que registram grande quantidade de roedores infectados e estão propícios a alagamentos podem corresponder a um risco para a saúde público. Na Capital, seis pessoas já foram diagnosticadas com a doença em 2022. Uma delas, moradora do bairro Barra do Ceará, chegou ao óbito.

Em 2021, 31 pessoas foram diagnosticadas com a infecção e três morreram. Já em 2020, 29 casos da doença foram registrados, com cinco mortes. Para conter os casos, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) promove ações de desratização de bairros. É colocado um produto em locais onde é identificada a presença dos ratos com o objetivo de controlar o número de animais.

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“Quando começa um ano, começam a aparecer os casos, serem notificados e confirmados, aí a gente vai intensificar os trabalhos nas áreas de maior risco. Essa presença de roedores pode ser detectada tanto pela equipe da vigilância ambiental como também pela população”, explica Atualpa Soares, gerente da Célula de Vigilância Ambiental e Riscos Biológicos da SMS.

Nesta sexta-feira, 8, parte do bairro Mondubim recebeu agentes da vigilância ambiental para aplicação do produto. O local foi escolhido devido à proximidade com o bairro Presidente Vargas, que registrou um dos seis casos deste ano. Atualpa explica que a substância, com uso permitido apenas por profissionais, não é tóxica para humanos ou animais domésticos, sendo atrativa apenas para os ratos.

Cuidados com a exposição à urina do rato

 

O principal modo de se prevenir contra a leptospirose é evitar o contato com a urina dos ratos. Durante a época chuvosa, no entanto, a tarefa é um pouco mais difícil, já que é preciso transitar, muitas vezes, por vias públicas alagadas. Caso não seja possível evitar áreas de risco, é preciso higienizar as partes da pele que entraram em contato com a água possivelmente infectada o quanto antes.

“A gente não tem como saber [se a água está infectada] a não ser que conheça muito bem o local. Então, se você passa num local e tem dúvida, a orientação é sair daquele local e higienizar. Porque a água tem que estar contaminada e tem que ter uma fonte de entrada no corpo, uma ferida, por exemplo. A água contaminada em contato com essa ferida é a porta de entrada para a infecção. Passou desse local, higieniza, lava muito bem com água e sabão ou álcool”, orienta Atualpa.

Nem toda poça de água terá a presença da urina do rato. Por isso, é preciso redobrar a atenção em locais mais propícios para a infecção acontecer. Áreas alagadas próximas de entulhos, lixões, pontos de descarte irregular de lixo tem mais possibilidade de estarem contaminadas.

Diagnóstico lento prejudica pacientes

 

Os sintomas da leptospirose são, muitas vezes, confundidos com uma virose. Dores no corpo, febre, dor de cabeça e desconforto estomacal são alguns dos primeiros sinais da doença. Atualpa orienta que a população procure atendimento médico e lembre-se de explicar ao profissional se passou por locais alagados e potencialmente infectados nos dias anteriores aos sintomas.

“Quando a gente vai estudar esses casos, vemos que a pessoa demorou a buscar o sistema de saúde ou, por não falar as informações corretas ou completas, teve a evolução disso de forma inadequada. Pode parecer com qualquer outra doença, o que diferencia no começo é talvez o contato, por isso a gente tem que informar no momento do atendimento”, afirma Atualpa.

A leptospirose tem cura, mas é preciso que o atendimento adequado seja feito o quanto antes do início dos sintomas. Caso o médico desconfie da infecção, ele pode pedir um exame para identificar a doença.

Venenos precisam ser utilizados com cautela

 

O controle dos ratos também pode ser feito pela população. No entanto, é preciso ter cuidado com os raticidas e venenos disponíveis no mercado. “A gente chama atenção para que esses produtos sejam comprados e usados de forma técnica. São vendidos em supermercado, isso é permitido pela legislação, mas se utilizar de forma inadequada não vai ter efeito nenhum”, explica o gerente da vigilância.

Além disso, os produtos utilizados de forma errada ou não regulamentados são capazes ainda de provocar intoxicações, tanto em pessoas quanto em animais. Caso intoxicações aconteçam em animais, um médico veterinário deve ser prontamente procurado. Já pessoas intoxicadas podem procurar o Centro de Assistência Toxicológica de Fortaleza, no Hospital Instituto Dr. José Frota (Ceatox-IJF).

Para tirar dúvidas sobre como se livrar de infestações de ratos, a população pode ligar para a ouvidoria da SMS pelo número (85) 0800-275-1364.

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