Estudante encontra caramujo em refeição concedida pela UFC

Em nota enviada à administração da UFC, a empresa responsável pelas refeições disse que substituiu os lotes do feijão tipo carioca do estoque onde o animal foi encontrado

Um caramujo foi encontrado pelos estudantes em uma das quentinhas
Um caramujo foi encontrado pelos estudantes em uma das quentinhas (Foto: WhatsApp O POVO)

Estudantes residentes da Universidade Federal do Ceará (UFC) estão reclamando sobre a baixa qualidade da comida ofertada pela instituição, por meio de contrato com uma empresa terceirizada. Na última sexta-feira, 13, a situação chegou a um limite, conforme os estudantes, e um aluno da instituição encontrou um caramujo em sua refeição. O animal é transmissor de distintas doenças e pode ser um indicador da falta de saneamento básico.

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Em contato com O POVO, Roberto*, estudante que mora em uma das residências da UFC, disse que as reclamações com a comida tem uma frequência quase diária e não começaram agora. “Algumas vezes, tanto a salada como o suco já vieram estragados. As frutas também já vieram com fungos... É um tipo de contaminação que a gente não vê em lugar nenhum”, reclama.

O discente diz que já foram encontrados até pedras e galhos na comida enviada pela empresa. Outras situações também são problemáticas, como a identificação de carne em pratos que seriam feitos para vegetarianos. “Estamos com medo de seguir comendo uma comida que não sabemos nem a qualidade”, pontua.

No caso de Bruno*, que também é residente da instituição, os alimentos fizeram com que ele acabasse indo para o pronto-socorro. O aluno explica que sempre após comer sentia uma sensação de queimação no estômago, fazendo com que ele sentisse menos vontade de comer e se alimentasse de forma cada vez pior.

“Teve um dia que passei muito mal, acordei com queda de pressão e fui parar no pronto-socorro. Lá fiz exames e descobri que estava com princípio de anemia, porque estava comendo muito pouco”, diz o estudante, que afirma não ter tido apoio da UFC quando relatou a situação. Ele chegou a enviar um e-mail para a instituição, o qual O POVO teve acesso, relatando o ocorrido, mas não foi respondido.

O aluno, então, decidiu buscar outra forma de alimentação. “Não consumo mais nada (fornecido pela UFC), só o suco e algumas coisas do café da manhã. Tenho direito a quentinha, mas recuso porque tive esse problema", explica.

Situação piorou durante a pandemia, ressalta estudante

Foto 1: carne é encontrada em feijão de prato vegetariano; fotos 2 e 3: frutas chegam com sinal de apodrecimento; foto 4: marmita chega com osso pontudo em um dos alimentos

Com a crise do novo coronavírus, a qualidade da comida servida piorou, conforme explica João*, aluno morador das residências universitárias. Ele detalha que no Restaurante Universitário (RU), onde as refeições eram servidas antes do início do isolamento social, havia um controle maior do controle da qualidade dos alimentos — tanto pelos alunos como pela equipe que trabalhava no local.

O estudante também reclama da qualidade dos alimentos, ressaltando as frutas apodrecidas que chegam para os residentes. “A gente não quer que precise acontecer uma coisa muito grave para que a empresa se responsabilize e tente resolver. É muito humilhante esse processo, é desgastante para nós, que somos um recorte muito específico da universidade”, argumenta.

No caso específico da última sexta-feira, quando o animal foi encontrado na comida, a empresa responsável pelas refeições — ISM Gomes de Mattos — enviou uma nota à administração da UFC, defendendo que tomaria providências necessárias.

No documento, o qual O POVO teve acesso, a terceirizada afirma que substituiu os lotes do feijão tipo carioca do estoque e adquiriu, de forma emergencial, o produto de outros fornecedores. Conforme a nota, a empresa também defendeu que os “setores operacionais e técnicos estão em constante processo de averiguação dos controles higiênico-sanitários”.

Os estudantes consultados pela reportagem afirmaram, no entanto, que respostas como essa são enviadas de forma recorrente e o problema segue acontecendo. “Normalmente é o mesmo modus operandi: pedir desculpa, mas não explicar como vai resolver, nem tomar medidas efetivas. A empresa nunca assume a responsabilidade, e atribui a culpa para outra parte do processo”, enfatiza Roberto.

Em nota, a UFC disse que a equipe de Nutrição do Restaurante Universitário (RU) acionou de imediato a empresa prestadora de serviços, que iniciou um processo de investigação do ocorrido no processo de produção. A instituição defende que a equipe que fiscaliza o contrato com a empresa dará continuidade à investigação "para a melhoria contínua do serviço e correção de qualquer irregularidade".

"A Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE), unidade gestora do RU/UFC, reafirma o compromisso diário com a melhoria contínua do serviço realizado, estando sempre à disposição dos seus usuários, com um tratamento justo, rápido e respeitoso, atuando dentro do que preconiza a legislação sanitária e atendendo os residentes em suas necessidades nutricionais", argumenta.

O POVO tentou contato com a ISM Gomes de Mattos por meio de telefone disponibilizado em seu site oficial, assim como por meio de redes sociais desde a última sexta-feira, 13. No entanto, a instituição não respondeu aos contatos.

 

*Os nomes citados na reportagem são fictícios, devido a escolha por preservar a identidade dos estudantes

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