Pandemia provocou piora na saúde mental de 85% dos jovens em Fortaleza, aponta estudo

O estudo da Prefeitura de Fortaleza revela o impacto da pandemia nas juventudes da Cidade e aponta o adoecimento mental, dificuldades de acesso às atividades de lazer e cultura e a intenção de muitos jovens de não voltarem a escola

A pandemia tem impactado de diversas formas a população e o resultado da pesquisa "Fortaleza: Pandemia e Juventudes", da Prefeitura de Fortaleza, mapeia como essa realidade vem atingindo os jovens da Capital. Lançada nesta quinta-feira, 12, Dia Internacional da Juventude, a pesquisa mostra que a cada 10 jovens, quase 6 foram diagnosticados ou apresentaram sintomas da Covid-19. Além dos aspectos biológicos, a doença tem prejudicado o estado emocional dos jovens. Mais de 85% dos ouvidos na pesquisa afirmaram ter notado uma piora em seu emocional.

Entre os resultados encontrados, está a piora no estado emocional dos jovens: 58,82% sentiram que seu estado emocional piorou muito e 26,35% notaram que essa piora foi um pouco menor, mas ainda aconteceu. Juntos, os percentuais apontam que a ampla maioria dos jovens sentiu o efeito da pandemia em sua saúde mental.

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Um dos aspectos analisados foi a vivência dos jovens de Fortaleza durante a pandemia de Covid-19
Um dos aspectos analisados foi a vivência dos jovens de Fortaleza durante a pandemia de Covid-19 (Foto: Reprodução/Youtube)

O levantamento ouviu 969 jovens da capital cearense entre 10 e 24 de julho para compreender os efeitos e as percepções da pandemia da Covid-19. Dos 121 bairros de Fortaleza, a pesquisa teve a participação de jovens residentes em 109 deles. A maioria, cerca de 80%, se autodeclarou preto ou pardo e sendo pobre, muito pobre ou classe média baixa. O trabalho teve correalização do Grupo de Estudos e Pesquisa em Economia da Saúde, da Universidade Federal do Ceará (UFC), do campus Sobral e do Comitê Executivo Municipal de Prevenção de Homicídios na Adolescência (CEMPHA).

A pesquisa também identificou complicações em diferentes aspectos da vida dos jovens fortalezenses e teve como principal sintoma a piora no estado emocional. Dificuldade de acesso às atividades de lazer e cultura e piora na qualidade do sono também foram relatados.

Tantas mudanças e a piora no estado emocional dos jovens foi um dos entraves quando se pensa em estudar em casa, com o ensino remoto, com 83% dos jovens relatando sentimentos de medo, ansiedade e estresse. 36,5% dos estudantes já pensaram em não retornar às aulas após o período pandêmico, com dificuldades também em organizar a rotina de estudos à distância.

Ressalta-se ainda que 45% afirmaram não ter preocupação em desenvolver ou agravar problemas com consumo de álcool ou outras substâncias. Outro ponto identificado é que número considerado de jovens relataram ter sofrido e presenciado muitas situações de violência durante a pandemia.

Covid-19

 

Em relação à Covid-19, os maiores medos têm relação direta com a doença: 97% afirmaram estar preocupados em perder familiares, enquanto 96% sinalizam preocupação com os amigos e 74,59% de infectar outras pessoas.

E esse luto, ou medo de passar por ele, também afeta a vida financeira das famílias: 75,61% dos respondentes sinalizaram muita preocupação em passar por dificuldades financeiras. A crise econômica causada pelo aumento do desemprego levou também os jovens a se lançarem no empreendedorismo. Esse tipo de economia está na perspectiva de futuro de 38,34% deles. Enquanto, o emprego público está no radar de 36,36%, visto como uma forma de estabilidade.

Observatório da Juventude

 

O lançamento da pesquisa foi o primeiro passo do Observatório de Juventude de Fortaleza, criado também nesta quinta-feira, 12, pelo prefeito José Sarto (PDT). O objetivo é estabelecer um núcleo de pesquisa, com o intuito de oferecer condições para o desenvolvimento de políticas públicas de juventude, especialmente de jovens em situação de vulnerabilidade ou que residam em territórios com indicadores sociais que precisam ser melhorados. O observatório deve gerar números e indicadores para direcionar as políticas públicas para a juventude da Capital.

Para o coordenador de Juventude de Fortaleza, Davi Gomes, ouvir os jovens foi importante para o planejamento de ações futuras. "A pesquisa vai nos ajudar a elaborar projetos já pensando no contexto da pós-pandemia", explicou o coordenador por meio de nota.

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