"Ninguém entende por que motoristas ficaram de fora da vacinação", diz desembargador

Reunião com a Justiça do Trabalho do Ceará terminou sem acordo entre empresas de ônibus e motoristas; novo encontro está marcado para a próxima terça-feira, 15. Profissionais exigem aumento de mais de 12%

07:39 | Jun. 09, 2021

Em Fortaleza, os terminais de ônibus vão auxiliar no cadastro para a vacinação contra a Covid-19 a partir desta quinta-feira, 24 (foto: GABRIEL BORGES/O POVO)

Após sessão telepresencial conduzida pela Justiça do Trabalho do Ceará nesta terça-feira, 8, os motoristas e empresas de ônibus terão mais uma semana para negociar. O órgão do poder Judiciário mediou tratativas entre os sindicatos, mas não houve acordo. Uma nova reunião foi marcada para a próxima terça-feira, 15 de junho. Até lá, segue a exigência de circulação com pelo menos 70% da frota de veículos e ambas partes devem continuar em negociações. Há multa diária de R$ 30 mil em caso de descumprimento.

O presidente da Seção Especializada I do Tribunal Regional do Trabalho do Ceará (TRT/CE), desembargador Paulo Régis Machado Botelho, enfatizou durante o encontro a necessidade de incluir a categoria dos motoristas no grupo de vacinação prioritária contra a Covid-19. “Ninguém entende porque os motoristas ficaram de fora dessa vacinação prioritária. Em nenhum momento fugiram à luta de transportar, mesmo com todos os riscos”, reforçou em nota o magistrado.

Ele sugeriu que fosse elaborado um ofício conjunto entre as duas partes tornando pública a necessidade de vacinação da categoria. “Embora não esteja na questão central deste dissídio, impacta, sem dúvida nenhuma, a relação entre o capital e o trabalho. Que essa questão chegue ao governador, que é responsável pela política do nosso Estado, no que toca à vacinação, e ao prefeito de Fortaleza, que faz o detalhamento da vacinação”, destacou.

Após o dissídio coletivo, os sindicatos se manifestaram. O Sindiônibus, que representa as empresas, ressaltou as razões de natureza econômico-financeiras, decorrentes da pandemia, que o impede de conceder os pedidos solicitados pelo sindicato laboral. As empresas sugerem aumento salarial de 2,46% e defendem que têm garantido os salários e benefícios dos trabalhadores, que discordam da proposta.

O sindicato dos motoristas pondera que a proposta de aumento do sindicato patronal não reflete as perdas decorrentes da inflação, assim como os custos de alimentação. Os trabalhadores exigem reajuste de 12,27% de salários e pisos, além de acréscimo de 23,3% no valor do auxílio-refeição. Também é requisitado aumento em outros benefícios, como o auxílio-creche.

Representando a gestão municipal, o secretário Ferruccio Feitosa argumentou que existe um esforço da Cidade para não haver aumento na tarifa de ônibus e um projeto de lei foi encaminhado para dar subsídio ao setor de transporte. Prefeitura e Governo anunciaram aporte de R$ 48 milhões para o setor a fim de evitar aumento da passagem.