Corpos encontrados em barco à deriva podem ser da África, aponta PF

Uma pequena embarcação foi encontrada em alto mar e trazida para Fortaleza no dia 1º de abril. Nela, a Polícia Federal encontrou celulares, cartões de crédito e dinheiro proveniente da África, que podem ajudar a esclarecer o ocorrido

Um barco de origem ainda desconhecida ancorou no Porto do Mucuripe, em Fortaleza, no dia 1º de abril, trazendo três cadáveres. Pescadores encontraram a embarcação em alto mar, a cerca de 1.037 quilômetros da Capital, e acionaram a Marinha do Brasil. O barco tinha, além dos cadáveres de dois homens e uma mulher, um combo curioso de objetos: 32 celulares de marcas diversas, anotações de números telefônicos, cartões de crédito e moedas correntes em países da África. Para a Polícia Federal (PF), os itens indicam que os tripulantes possam ter vindo do continente africano.

A PF investiga o caso e aguarda dados da necropsia para dar prosseguimento às investigações. Além dos aparelhos telefônicos, foram encontrados no barco dois motores, um dispositivo de GPS e pequenas quantidades de dinheiro utilizado em países africanos: uguia, dinheiro corrente na Mauritânia, e franco CFA, moeda corrente em nove países da África. Alguns dólares e euros também foram achados.

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Havia ainda anotações com números de telefones da França e da Espanha, e dois cartões bancários, um de uma instituição financeira do Mali e outro de Togo, ambos países do continente africano que, inclusive, fazem uso do franco CFA.

Se a hipótese de que o barco saiu da África se confirmar, será possível dizer que a pequena embarcação fez uma viagem, no mínimo, demorada. Mais de 7 mil quilômetros separam a África do Ceará. E isso em linha reta, considerando uma rota aérea que atravessa o Oceano Atlântico.

No entanto, a Polícia espera os laudos cadavéricos da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) e a extração dos dados dos celulares e do GPS para começar um trabalho de cooperação policial internacional na tentativa de identificar as três pessoas. Não há informações sobre a previsão para conclusão desses laudos.

A expectativa é que o trabalho da Perícia colabore para descobrir as origens dos corpos e o destino ao qual pretendiam chegar, além de saber com quem aquelas pessoas mantiveram contato e quais as circunstâncias de suas mortes. Até o momento, muitas hipóteses são levantadas.

Os dois homens e a mulher se tratavam de imigrantes que tentavam chegar à Europa ou de vítimas de tráfico de pessoas? A viagem começou na pequena embarcação onde foram encontradas ou em outra maior de onde teriam sido retirados por algum motivo? Os três teriam envolvimento em alguma atividade criminosa?

“Todas estas são linhas possíveis de investigação que devem começar a ser confirmadas ou afastadas dependendo dos resultados das necropsias e das extrações de dados dos equipamentos”, explica a PF em nota ao O POVO.

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Trabalho da perícia é minucioso

As perícias nos três corpos misteriosos continuam em andamento, segundo informa a Coordenadoria de Medicina Legal (Comel) da Pefoce. Mas o trabalho é minucioso “devido ao estado em que os corpos se encontravam”.

Amostras de DNA foram coletadas para realização de eventual confronto genético. Dois dos três corpos também tiveram impressões digitais coletadas pelo Laboratório de Identificação Necropapiloscópica (LIN), que podem contribuir para a identificação.

O terceiro corpo, pertencente a um dos homens, está em estado mais avançado de decomposição e passa por exames no Núcleo de Tanatologia e Antropologia Forense. “Após concluídos todos os exames, os laudos serão encaminhados para a investigação do caso”, diz a Pefoce.

A Tanatologia Forense nada mais é que o estudo científico da morte: o corpo em óbito é a peça-chave para descobrir o que levou ao óbito. Por sua vez, a Antropologia Forense identifica corpos com perfis mais complexos. Ao local chegam casos já esqueletizados, ossadas, fracionados, carbonizados ou que com estágio de decomposição avançada. O trabalho exige uma análise detalhada que possibilite indicar tempo, causa da morte e quem é a pessoa que se procura descobrir.

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