Missa de sétimo dia de Assis Tavares, referência do jornalismo cearense, será nesta sexta-feira, 12
Além da redação do O POVO, o jornalista construiu carreira em vários veículos, como o jornal O Globo e a Rede Manchete. Ele foi a mão responsável por várias grandes reportagens, livros e outras publicações
Morreu no último domingo, 7, Francisco de Assis Tavares, jornalista que atuou entre as décadas de 1950 e 1980 no O POVO. Natural de Maranguape e inquieto desde sempre, Tavares traçou um longo caminho dentro da redação e foi referência para vários colegas de sua época. Na família, o homem também era um exemplo. Carla Monteiro, filha do jornalista, conta que ele sempre foi muito batalhador e era visto como a principal liderança da família, mesmo quando os pais de Assis estavam vivos. Missa será sexta sexta-feira, 12.
“Meu pai sempre deu muito orgulho para a gente, ele era uma pessoa muito ligada à cultura e sempre nos incentivou muito a ler, para termos uma boa visão de mundo. Eu cresci vendo meu pai mais no fim de semana, porque ele sempre abria e fechava os jornais. Era uma pessoa muito batalhadora”, lembra a filha.
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Uma das histórias que ela mais se recorda foi de quando Tavares foi até o Acre, para fazer uma matéria sobre o ciclo da borracha e a Zona Franca de Manaus. Ele passou cerca de um mês distante da família, que sempre vibrou por ele. “Ele é da velha guarda do jornal, a gente tem uma longa história com o jornalismo”, afirma Carla, lembrando das inúmeras publicações que ele lançou durante a carreira, construída em vários veículos de imprensa. Tavares chegou a atuar como correspondente do jornal O Globo e da Rede Manchete.
Carla conta ainda sobre a relação com um objeto de Tavares que ela conserva até hoje e faz parte das memórias do jornalista: uma máquina de escrever Olivetti Lettera 32. “Tudo que ele proporcionou à nossa família foi através daquela máquina. Eu cresci vendo meu pai tirar todo o nosso sustento do dedilhado naquelas teclas. Quando eu recebi, escrevi uma crônica agradecendo por todo o esforço que ele colocou ali, ele passava todo o sentimento para o papel”, recorda.
E o fim da carreira não significou que Tavares se isentaria das discussões que surgiriam no jornalismo. Em 2002, ele lançou artigo no O POVO comentando as brigas na Procuradoria da República no Ceará. “O mais difícil, porém, é constatar que a função de procurador da República está sendo exercida muito longe da lei. Se é assim, ao drama das famílias dos "condenados", qualquer um estará sujeito. Depois disso, adeus cidadania”, pondera o jornalista.
Mauri Melo, repórter fotográfico que se aposentou no fim do ano passado, conta que apesar de não ter convivido muito com Tavares sempre o teve como uma referência. “Era uma pessoa muito boa, alguém que você olhava de longe e sentia confiança”, disse.
Em uma nota no O POVO em 2006, Landry Pedrosa, referência como repórter policial, lembrou com carinho de Assis, que foi seu chefe de reportagem. “Na redação, ele (Landry) lembra que trabalhou com grandes personagens do jornalismo cearense como Odalves Lima, Morais Né, Assis Tavares, Tancredo Carvalho, Durval Ayres e Ivonete Maia”, registra a matéria. Landry Pedrosa faleceu em 2018.
Missa de sétimo dia
A missa de sétimo dia será realizada virtualmente nesta sexta-feira, 12, às 17 horas, por meio do canal do Youtube da Igreja de Fátima. Francisco de Assis Tavares nasceu no dia 7 de agosto de 1936 e morreu no último domingo, 7, após complicações de um quadro de pneumonia e contaminação pela Covid-19, aos 84 anos.