Pais de alunos do ensino médio se articulam para pedir mudança para ensino híbrido
Os responsáveis são de alunos do 1º e 2º ano do ensino médio, que ainda não foram autorizados pelo Governo Estadual a migrarem para o ensino híbrido
Pais de alunos de escolas particulares, que estão no 1º e 2º ano do ensino médio, em Fortaleza se articulam para pedir a migração para o ensino híbrido, modalidade em que o estudante alterna semanas ou dias em aulas presenciais e de casa. Atualmente, nessa faixa etária, apenas alunos do terceiro ano tem a possibilidade frequentar as unidades escolares. Para apoiar a causa, os responsáveis programaram uma manifestação na manhã desta quinta-feira, 11, na Praça Portugal.
O ponto levantado pelos pais é que as demais séries já retornaram, pelo menos parcialmente, atividades de forma presencial, enquanto as duas séries continuam exclusivamente em ensino remoto. A Educação de Jovens e Adultos (EJA), os 1º, 2º e 9º ano do Ensino Fundamental, e a 3ª série do Ensino Médio, retomaram as atividades conforme o Decreto Estadual nº 33.742, vigente desde outubro. A Educação Infantil (creches e pré-escola) já tinha voltado em meses anteriores.
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A articulações de pais já esteve em contato com o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Ceará (Sinepe-Ce) e com deputados estaduais, como Heitor Ferrer. A reunião aconteceu na terça-feira, 9. "Contactamos diretamente o Ministério Público Estadual, sensibilizamos deputados estaduais e vereadores, fizemos denúncias e requerimentos para viabilizar o retorno destes níveis de ensino", explica Fernanda Araújo, médica anestesiologista.
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Fernanda é mãe de um bebê de 6 meses e de duas crianças com idades de 4 e 6 anos, que já retornaram às aulas presencialmente. Apesar de não fazer parte do grupo de pais cujos filhos ainda estudam exclusivamente na modalidade remota, a médica é uma das integrantes do movimento que pede pelo ensino híbrido para os alunos do ensino médio.
"É incrível a diferença no bem estar emocional das minhas filhas desde que o retorno delas foi autorizado. Saúde emocional é tão importante quanto saúde física", aponta Araújo. A profissional de saúde ainda relata que os alunos do 1º e do 2º ano do ensino médio foram "excluídos" e que a situação acaba sendo "angustiante" para os pais.
"Atualmente, afirmo com toda certeza, que as crianças e jovens estão mais seguras no ambiente escolar que nas praias, shoppings, cinemas, áreas de lazer dos condomínios ou nas ruas. A escola talvez seja o único ambiente, entre todos os citados, que cumpre rigorosamente os protocolos de segurança", destaca Fernanda.
Objetivo de Governo é "salvar vidas"
Cecilia Seligmann, 44, compartilha do mesmo sentimento que Fernanda mas, ao contrário da médica, a empresária é mãe de uma adolescente que ainda não voltou a estudar de forma presencial. "Minha filha que está no segundo ano não teve aula nem ano passado nem esse ano. Ela está desde março sem ter a opção de ir para a escola, enquanto outros anos tem a opção de ir (...) Porque só eles podem voltar?", questiona ainda.
Seligman também defende que os estudantes do ensino médio têm mais noção de cuidados sanitários a serem tomados do que alunos de períodos inferiores. "Se eles não vão para a escola, alguma coisa eles têm que fazer. Eles não podem passar o dia inteiro em casa, então acabam indo para lugares mais perigosos do que a escola", argumenta ainda.
Na manifestação marcada para acontecer nesta quinta, alguns dos adolescentes que permanecem em ensino remoto devem estar presentes ao lado dos pais. A empresária alega que todos os protocolos de segurança serão seguidos e destaca que estudantes têm ficado deprimidos e que não encontram mais motivação para assistirem aulas no formato online.
O POVO procurou o Sinepe, cujo representantes se reuniram com pais e, por meio de nota, o Sindicato ressaltou que as fases de retorno da educação deveriam ter sido finalizadas em outubro de 2020. Porém, houve uma estagnação na autorização de aulas presenciais para as 1ª e 2ª séries do ensino médio e também para o ensino superior, além da quantidade máxima de alunos que pode ser recebida pelas escolas. O órgão ressaltou que tem dialogado e recebido diariamente mensagens e manifestações de familiares e alunos que pedem retorno híbrido para as séries.
"Não resta dúvida, de que todas as séries e o ensino superior já deveriam estar na forma híbrida de ensino com aulas presencias e online. Escolas e faculdades são espaços de aprendizado pleno, socialização e de reforço aos novos hábitos (uso de máscara, distanciamento social, higienização das mãos etc) e das regras sanitárias", descreve a nota do Sinepe. O Sindicato frisa que as escolas estão prontas para receber os alunos destas séries desde 20 de julho de 2020, quando, desde então, têm cumprindo "com êxito" os protocolos sanitários e os planos de ações internos.
"O setor da Educação, durante esse 11 meses de pandemia, sempre esteve acompanhado de especialistas e profissionais da saúde e seguindo às diretrizes das autoridades. O nosso setor está cada vez mais atento e reforçando os protocolos sanitários e os procedimentos internos para ajudar no combate da Covid-19", completou a nota.
Já o Governo do Estado, por meio da Casa Civil, encaminhou uma nota afirmando que "todas as determinações que dizem respeito à retomada de atividades sociais e econômicas no Estado do Ceará são definidas, em conjunto, pelo Comitê de Enfrentamento à Covid-19".
De acordo com o órgão, as medidas tomadas até o momento têm como objetivo "salvar vidas" e só são decididas levando em consideração fatores como "curvas epidemiológicas, casos confirmados, óbitos e pressão no sistema de saúde".
Veja nota na íntegra:
Todas as determinações que dizem respeito à retomada de atividades sociais e econômicas no Estado do Ceará são definidas, em conjunto, pelo Comitê de Enfrentamento à Covid-19, formado por representantes do Governo do Ceará, Prefeitura de Fortaleza, Tribunal de Justiça e Assembleia Legislativa, e Ministério Público Estadual e Federal.
As medidas levam em consideração aspectos científicos aferidos pelas equipes técnicas em saúde pública, como as curvas epidemiológicas, casos confirmados e óbitos, pressão no sistema de saúde, entre outras variáveis. O Comitê reforça que todas as determinações têm como prioridade salvar vidas.
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