Cearense faz campanha para publicar livro sobre histórias da linha Antônio Bezerra-Papicu

Unindo fotografias, ilustrações, crônicas, contos e entrevistas, Alexandre Valério busca mostrar a beleza nos detalhes dos eventos cotidianos em livre que traz histórias da linha 028

22:49 | 14/01/2021 Autor Alan Magno

Alan Magno Estagiário de jornalismo

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Tipo Notícia

Jornalista cearense realiza campanha de arrecadação para viabilizar lançamento de livro sobre histórias e vivências na linha 028 - Papicu/Antônio Bezerra Crédito: Alexandre Valério

Nos minutos que passam despercebidos pela rotina de ir e vir entre os bairros Antônio Bezerra e Papicu, o cearense Alexandre Valério investigou histórias, existências e emoções. O jornalista de 32 anos decidiu reunir em um livro-reportagem múltiplas vivências que ocorrem diariamente dentro do percurso da linha 028. “Eu queria escrever algo humanizado, sobre pessoas comuns”, comenta ao frisar a necessidade de nos atermos à beleza dos detalhes.

“Todo mundo tem uma história, uma piada, uma lembrança dentro de alguma linha de ônibus. Acaba sendo parte da nossa identidade”, justifica o autor do livro chamado “028: Antônio Bezerra, Papicu e outras histórias”. O material para produção da obra foi recolhido ao longo de cerca de 200 viagens feitas em um ano e após a finalização do livro, o jornalista busca ajuda para tentar publicá-lo oficialmente.

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Como forma de viabilizar a impressão do livro, Alexandre criou uma campanha no site “catarse.me”, onde qualquer pessoa pode doar valores a partir de R$ 25, garantindo que receberá um exemplar do livro. Dessa forma, a doação funciona como uma espécie de pré-venda. Além disso, caso a meta da campanha não seja atingida, aqueles que doaram, serão ressarcidos de forma integral.

Alexandre explica que a campanha para publicação do livro-reportagem precisou ser estendida, já que devido a pandemia de Covid-19 as doações ficaram praticamente inativas por cerca de um ano. “Veio a pandemia e parou tudo, e eu também precisei cuidar dos meus pais, que são do grupo de risco e paralisei as ações de divulgação”, complementou. Agora, com o novo prazo, as doações podem ser feitas até o dia 28 de fevereiro.

Mesmo com as dificuldades, o autor não pretende desistir: “é o meu sonho que dê certo, torço muito para que consiga bater a meta e então publicar o livro, mas caso dê errado, vou procurar todas as outras formas, mas não irei desistir”.

Como surgiu a ideia de escrever um livro sobre a linha 028 ?

O livro produzido por Alexandre foi apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) na Universidade Federal do Ceará (UFC) e garantiu a ele a aprovação final na graduação de Jornalismo. O principal foco da obra, segundo seu autor, é destacar a importância dos detalhes: “Às vezes não nos damos conta que estamos rodeados de boas histórias e de coisas bonitas”, explica.

Para o autor, em diversas ocasiões tratamos algo como banal, quando na realidade é uma grande preciosidade. Ele diz ainda que foi essa crença que o motivou na construção da obra. “Se a gente pensar que num ônibus cabem 74 pessoas, estão ali 74 vidas completamente diferentes. São vários estranhos, várias histórias, mas durante alguns minutos, todo mundo está ali, no mesmo lugar, juntos”, completa.

Assim, como um passageiro assíduo da linha, Alexandre decidiu observar. Ele conta que chegou a realizar 4 vezes o trajeto completo da linha em um único dia, na esperança de revelar as belezas escondidas em meio a rotina. “Eu construí minha vida na 028, ia visitar familiares, ia para faculdade, para o dentista e tudo ali, na 028, e essa é a realidade de muitas outras pessoas também”, pontua.

Dentre alguns personagens que dão corpo e rosto à obra estão cobradores, motoristas e eventuais passageiros que aceitaram contar um pouco de suas vidas durante o percurso entre o Papicu e o Antônio Bezerra. Um dos apresentados é João Bosco, um motorista que afirma nunca ter lido um livro todo na vida, mas que aguarda ansioso pela publicação de Alexandre, história da qual faz parte.

No livro, João conta um pouco sobre o fato de que a cada parada relembra os tempos de criança no interior do Ceará, entrando escondido nos ônibus de viagem, sonhando em se tornar motorista. Outros personagens não possuíam a história completa no livro, já que precisaram descer do ônibus, mas para o autor, tudo isso faz parte da mensagem da obra: "É olhar para algo que parece banal e perceber que estamos rodeados por muitas histórias interessantes, por muita coisa bonita que passa despercebido e que talvez nunca voltemos a ver”, conclui.