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Número de águas-vivas nas praias de Fortaleza pode aumentar entre outubro, novembro e dezembro de 2020

Contato dos animais com a pele humana pode gerar queimaduras e desconforto; saiba como se prevenir dos acidentes
21:51 | Out. 22, 2020
Autor Everton Lacerda
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Everton Lacerda Estagiário de jornalismo
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Tipo Notícia

As ocorrências de queimaduras por contato com tentáculos de águas-vivas podem ter aumento durante os meses outubro, novembro e dezembro em Fortaleza. O fenômeno acontece por conta da temporada de aumento dos ventos no Ceará, fazendo com que o encontro das espécies caravela-portuguesa e medusa sejam comuns nas praias da Capital.

Segundo o pesquisador e professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC), Marcelo de Oliveira, é possível encontrar, no mínimo, cinco espécies de águas-vivas em Fortaleza. A mais recorrente é a caravela-portuguesa, animal de cor azul ou lilás que pode ser comumente achado na faixa de areia da Praia do Futuro. De acordo com o biólogo, o encontro da espécie na praia pode acontecer por conta de dois fatores.

“A Praia do Futuro tem uma região de praia mais extensa e o Porto do Mucuripe bloqueia muito do transporte que vem de Leste para Oeste, os ventos acabam deixando essas caravelas mais na faixa de praia”, explica o pesquisador.

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Conforme explica o cabo Eduardo Benevides, guarda-vidas da 1ª Companhia de Salvamento Marítimo do Batalhão de Busca e Salvamento (CSMAR/BBS), os casos na Praia do Futuro também podem ser maiores devido ao intenso fluxo de banhistas. “As chances de contatos acidentais com esses animais são maiores. O banhista precisa estar atento e realizar uma varredura visual na superfície da água constantemente, a fim de evitar ser surpreendido”, informa.

Mesmo com o número maior de incidências concentrado na Praia do Futuro, outras praias da Capital podem registrar acidentes dos banhistas com os animais, como a Praia de Iracema e a Praia da Vila do Mar, na Barra do Ceará. “Elas podem acontecer em qualquer região do litoral de Fortaleza, vai depender muito das condições de vento, de ondas e de marés. A partir dessa combinação, a gente pode ter elas em algum local ou não, porque ela é muito transportada. As correntes aqui no litoral de Fortaleza transportam pro oeste, no sentido da Caucaia, então é possível aparecer em toda essa região”, explica Marcelo de Oliveira.

Cuidados nas praias

Os especialistas alertam para cuidados específicos com as águas-vivas da espécie caravela-portuguesa. Por conta da cores vívidas, lilás ou azul, o animal pode ser confundido com sacolas plásticas e pode gerar curiosidade nas crianças e até mesmo em adultos. “Com as crianças os cuidados devem ser redobrados. Primeiro elas devem ser orientadas a não se aproximar e nem tocar em animais marinhos encontrados na praia, pois muitos destes animais apresentam algum tipo de risco à saúde”, instrui o cabo Eduardo Benevides.

O guarda-vidas também explica que, por conta da percepção reduzida do perigo das crianças, os pais devem supervisionar constantemente os filhos. As águas-vivas da espécie medusa possuem uma estrutura que lembra um formato circular e possuem a coloração transparente, enquanto as caravelas-portuguesas possuem formato similar ao de uma boia, o que faz com que a espécie fique na superfície da água. Conforme explica o professor Marcelo de Oliveira, as espécies são difíceis de reconhecer dentro da água pois ambas ficam transparentes dentro a água, uma vez que o corpo delas é 99% composto por água.

Me acidentei, e agora?

Em caso de queimaduras por contato com os animais, a recomendação dos especialistas é de lavar o local com água do mar ou vinagre. Água doce, cerveja, urina ou outros líquidos não são recomendados pois podem agravar a situação, facilitando a liberação de mais toxinas na pele humana. O uso de vinagre neutraliza a ação da toxina liberada pelo animal e deve ser aplicado sem ser esfregado na pele, pois o atrito também pode piorar a situação. Após a higienização do local, os especialistas recomendam a direção à Unidade de Saúde mais próxima para o devido tratamento com um médico.

A dor do contato com o animal pode durar até 30 minutos. “Um aspecto importante também é ter uma atenção 24h após o acidente, porque a pessoa pode ter um efeito como enjoo, tontura ou vômito, então nesse caso tem que procurar um atendimento especializado porque o médico vai avaliar e ver se é necessário o uso de antialérgicos e corticoides, porque ele pode provocar outros casos, como a arritmia cardíaca, alteração nos vasos sanguíneos e até insuficiência respiratória” explica o cientista Marcelo de Oliveira.

Ferimentos

O animal pode ser encontrado na faixa de areia da praia por conta dos ventos e pode gerar queimaduras na pele humana devido aos tentáculos dos bichos, que possuem substâncias neurotóxicas.

As águas-vivas são “equipadas” com essas substâncias nos tentáculos por uma estratégia de alimentação. Elas consomem pequenos crustáceos, como camarões e peixes, e as substâncias presentes em seus tentáculos atingem o sistema nervoso das presas, levando à paralisia ou à necrose. As espécies de águas-vivas registradas em Fortaleza não apresentam danos severos ao corpo humano, conforme explica o biólogo Marcelo de Oliveira.

“As espécies de águas-vivas que temos aqui, em Fortaleza, não são tão perigosas quanto espécies que temos na região da Austrália, que causam até a morte, mas dependendo do tempo de exposição e da região de contato, e também da sensibilidade do indivíduo, algumas pessoas têm sensibilidade às substâncias que eles emitem, pode sim gerar graves queimaduras e problemas” salienta o professor.

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